Composição: a Páscoa
A Páscoa é uma daquelas datas estúpidas que haviam de ser mortas à nascença, afogadas numa mistura de vários tipos de bebida alcoólica. Tem, relativamente ao Natal, a franca vantagem de se apresentar acompanhada de "sobremesas" bem mais saborosas: ovos e amêndoas de chocolate. Não sei até que ponto é que sobremesa será o título mais adequado para os ovos e as amêndoas. Na verdade, o meu dia de ontem foi desde as 11 da manhã preenchido com uma saudável deglutição de géneros alimentares que entram, na famigerada roda dos alimentos, no grupo "NÃO! NÃO COMAS ISTO! Faz cáries, engorda, aumenta o acne e causa cheias no Ganges fora da época das Monções.". "Tou-m'a cagar pra ti", é tudo o que tenho a dizer à roda dos alimentos e à sua apologia dos vegetais, das frutas e das leguminosas secas.
A Páscoa é chata porque é uma daquelas épocas que têm de ser passadas com a família. Com muita família, preferencialmente com tias-avós que não se vêem há muito tempo e que são chatas pa' caralho. Claro que a festa em si tem todo o potencial para ser bem gira. Eu e o meu benquisto tio Nuno, que é homem para ter quase 50 anos mas tem um espírito parvo que eu com muito gosto herdei, gostamos muito de fazê-lo notar a toda a família quando ensaiamos as nossas coreografias do "Eu tenho um amigo que me ama", do "Hossana" e do "Põe Tua Mão na Mão do Teu Senhor", para depois dançarmos quando o padre vier abençoar-nos a casa. Estupidamente, o resto da família insiste em chamar-nos hereges por fazermos estas coisas.
Há uma coisa contra a qual eu me insurjo na Páscoa (e, neste campo, o tio Nuno já não se pronuncia porque depois a mulher faz birras e é um problema. Como eu ainda estou a sair da adolescência, posso dizer o que quero, ninguém me liga, acham que a parvoíce é temporária). O pessoal da cidade provavelmente ignora isto mas, quando o padre vem benzer as casas e as pessoas da casa, é costume o anfitrião dar-lhe um envelope com uma qualquer soma de dinheiro. Por outras palavras, "Por XXeuros, tenha a sua casa benzida e a sua alma purificada por um ano! Compre uma estadia eterna no Céu em suaves prestações anuais!". Claro que eu tenho sempre de mandar vir com estas coisas - e claro que isto chateia o resto da família e eu sou recambiada para o jardim com uma taça de amêndoas de chocolate / um ovo de chocolate daqueles grandes. Volto 3 horinhas depois, quando já acabei com as amêndoas / os ovos e sento-me na sala, à beira das velhinhas todas. Como elas estão todas a ver as missas, basta eu dizer qualquer coisa do contra e já estou outra vez no jardim, com mais amêndoas / ovos debaixo do braço. Este ano, a coisa teve classe. Padre da televisão "Porque os fiéis não podem deixar de acreditar na Ressurreição de Cristo. Se deixam de acreditar em Cristo, é o fim da Igreja Católica". Comentário da Cachucha: "... Eu vou para o desemprego, a minha mulher tem de se prostituir para ganhar dinheiro e os meus filhos menores têm de deixar a escola".
Sou quem sabeis, Maria Cachucha.
A Páscoa é chata porque é uma daquelas épocas que têm de ser passadas com a família. Com muita família, preferencialmente com tias-avós que não se vêem há muito tempo e que são chatas pa' caralho. Claro que a festa em si tem todo o potencial para ser bem gira. Eu e o meu benquisto tio Nuno, que é homem para ter quase 50 anos mas tem um espírito parvo que eu com muito gosto herdei, gostamos muito de fazê-lo notar a toda a família quando ensaiamos as nossas coreografias do "Eu tenho um amigo que me ama", do "Hossana" e do "Põe Tua Mão na Mão do Teu Senhor", para depois dançarmos quando o padre vier abençoar-nos a casa. Estupidamente, o resto da família insiste em chamar-nos hereges por fazermos estas coisas.
Há uma coisa contra a qual eu me insurjo na Páscoa (e, neste campo, o tio Nuno já não se pronuncia porque depois a mulher faz birras e é um problema. Como eu ainda estou a sair da adolescência, posso dizer o que quero, ninguém me liga, acham que a parvoíce é temporária). O pessoal da cidade provavelmente ignora isto mas, quando o padre vem benzer as casas e as pessoas da casa, é costume o anfitrião dar-lhe um envelope com uma qualquer soma de dinheiro. Por outras palavras, "Por XXeuros, tenha a sua casa benzida e a sua alma purificada por um ano! Compre uma estadia eterna no Céu em suaves prestações anuais!". Claro que eu tenho sempre de mandar vir com estas coisas - e claro que isto chateia o resto da família e eu sou recambiada para o jardim com uma taça de amêndoas de chocolate / um ovo de chocolate daqueles grandes. Volto 3 horinhas depois, quando já acabei com as amêndoas / os ovos e sento-me na sala, à beira das velhinhas todas. Como elas estão todas a ver as missas, basta eu dizer qualquer coisa do contra e já estou outra vez no jardim, com mais amêndoas / ovos debaixo do braço. Este ano, a coisa teve classe. Padre da televisão "Porque os fiéis não podem deixar de acreditar na Ressurreição de Cristo. Se deixam de acreditar em Cristo, é o fim da Igreja Católica". Comentário da Cachucha: "... Eu vou para o desemprego, a minha mulher tem de se prostituir para ganhar dinheiro e os meus filhos menores têm de deixar a escola".
Sou quem sabeis, Maria Cachucha.