Fui para os bosques porque desejava deliberadamente viver, enfrentar apenas os fatos essenciais da vida, e ver se poderia aprender o que ela tinha para ensinar, em vez de, quando estivesse para morrer, descobrir que não tinha vivido. Não desejava viver o que não era vida, viver é algo de precioso; não desejava igualmente praticar a renúncia, a não ser que fosse absolutamente necessário. Queria viver e com profundidade sugar toda a medula da vida, viver com tanto vigor e de modo tão espartano que conseguisse desbaratar tudo o que não fosse a vida, cortar uma larga trilha de trigo e ceifá-lo raso, empurrar a vida contra uma esquina; reduzi-la aos seus termos mais humildes, e, se eles provassem ser escassos, apreender a inteira e genuína mesquinhez dela, e apregoar a sua mesquinhez ao mundo; ou se ela fosse sublime, sabê-lo por experiência, e ser capaz de apresentar um relato verdadeiro dela na minha próxima excursão. É que a maioria dos homens, parece-me, encontram-se numa estranha incerteza acerca dela, se ela pertence ao diabo ou a deus, e concluíram um pouco apressadamente que a principal finalidade do homem neste mundo é "glorificar deus e gozá-lo para sempre".

Henry David Thoreau
em Walden ou a Vida nos Bosques



DOWNLOAD: MILES DAVIS - DOO-BOP - 1991 - 320 Kbps
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Manter a mente vazia é uma proeza, e uma proeza muito saudável. Estar silencioso o dia inteiro, não ver nenhum jornal, não ouvir rádio, não escutar tagarelices, estar perfeita e completamente ocioso, perfeita e completamente indiferente ao destino do mundo é o mais excelente remédio que um homem pode administrar a si mesmo. Os jornais engendram mentiras, ódio, ganância, inveja, desconfiança, medo, maldade. Nós não precisamos da verdade como ela nos é servida nos jornais diários. Precisamos de paz, solidão e ociosidade.

Henry Miller






MEIRELES E SUA ORQUESTRA - BRASILIAN EXPLOSION - 1974



Podem ter a certeza, a depressão nervosa é a doença do século, a vida está cada vez mais impossível de se viver. Há cada vez mais médicos para tratar os nossos “nervos” doentes, cada vez mais psiquiatras nos infernizando. Nós recusamos este estribilho, recusamo-nos a aceitar o medicamento, camisa de forças do mundo moderno. O que queremos é menos doenças. Se o mundo faz enlouquecer, mudaremos o mundo; se a vida é impossível de se viver, mudaremos a vida. Asmáticos, eczematosos, gastríticos, lombálgicos, loucos ou candidatos à loucura, não compremos mais remédios e boas palavras, compremos espingardas! Homens do dinheiro, homens da TV, homens de togas, homens de negro, homens de branco, tomem cuidado! Não queremos mais conselheiros e patrões para a nossa vida! Estamos fartos de ser comidos!

Jean Carpentier


DOWNLOAD: THE BEST OF SUGAR HILL GANG - RAPPER'S DELIGHT
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ANTIBALAS - WHO IS THIS AMERICA? - 2004



Os seres humanos não são objetos; não possuem solidez. São seres redondos e luminosos; não possuem limites. O mundo dos objetos e a solidez não passam de uma descrição criada para os ajudar, para tornar conveniente a sua passagem pela Terra.


A razão leva-os a esquecer que a descrição não passa de uma descrição e, quando chegam a essa conclusão, os seres humanos encontram-se totalmente enredados num círculo vicioso, do qual raramente conseguem sair no decurso da vida.

Os seres humanos têm capacidade de percepção, mas o mundo que percebem é uma ilusão criada pela descrição que lhes fazem desde o dia em que nascem. Assim, o mundo que a sua razão pretende sustentar é o mundo criado por uma descrição e pelas suas regras dogmáticas e invioláveis, que a sua razão aprende a aceitar e a defender.

Carlos Castañeda



JOHNNY PATE - BROTHER ON THE RUN OST - 1973




PROCISSÃO TRÁGICA

Procissão triste, negra, macábrica.
Eles desfilam. Ai!, vêm da fábrica,

onde os seus braços fecundadores
geram riquezas... para os senhores.

Na minha rua, vejo-os passar
– jaqueta ao ombro e a dor no olhar.

Trágicos, sujos, em negro bando,
passam, abstratos, rotos, sonhando.

Vêm das fadigas duras, malditas,
que dão tesouros... aos parasitas.

Passam crianças magras, cloróticas.
Vêm de oficinas atrás, despóticas.

Mulheres tristes e desgrenhadas
às casas voltam, apressuradas.

Elas, que andaram a enriquecer
gente que nunca viram, sequer,

voltam aos lares, onde os filhinhos
choram, famintos e sem carinhos.

O vulgo passa, passa a gentalha,
que nos sustenta, sua, trabalha.

Vêm do campo, ai!, vêm da fábrica.
Procissão triste, negra, macábrica.

Roberto das Neves




SUGARMAN 3 & CO. - PURE CANE SUGAR - 2002
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,


Condenaria-se um açougueiro que vendesse carne podre, mas a legislação permite impor habitações podres às populações pobres. Para o enriquecimento de alguns egoístas, tolera-se que uma mortalidade assustadora e todo tipo de doenças façam pesar sobre a coletividade uma carga esmagadora.

O crescimento da cidade devora progressivamente as superfícies verdes limítrofes. Esse afastamento cada vez maior dos elementos naturais aumenta proporcionalmente a desordem higiênica. Quanto mais a cidade cresce, menos as "condições naturais" são nela respeitadas. Por "condições naturais" entende-se a presença, em proporção suficiente, de certos elementos indispensáveis aos seres vivos: sol, espaço, vegetação. Uma expansão sem controle privou as cidades desses alimentos fundamentais, de ordem tanto psicológica quanto fisiológica. O indivíduo que perde contato com a natureza é diminuído e paga caro, com a doença e a decadência, uma ruptura que enfraquece seu corpo e arruina sua sensibilidade, corrompida pelas alegrias ilusórias da cidade. Nessa ordem de idéias, a medida foi ultrapassada no decorrer dos últimos cem anos, e essa não é a causa menor da penúria pela qual o mundo se encontra presentemente oprimido.

As construções destinadas à habitação são distribuídas pela superfície da cidade em conflito com os requisitos da higiene. O primeiro dever do urbanismo é pôr-se de acordo com as necessidades fundamentais dos homens. A saúde de cada um depende, em grande parte, de sua submissão às "condições naturais". O sol, que comanda todo o crescimento, deveria penetrar no interior de cada moradia, para espalhar seus raios, sem os quais a vida definha. O ar, cuja qualidade é assegurada pela presença da vegetação, deveria ser puro, livre das poeiras em suspensão e dos gases nocivos. O espaço, enfim, deveria ser distribuído com liberalidade. Não nos esqueçamos de que a sensação de espaço é de ordem psicofisiológica e que ruas estreitas e o estrangulamento das áreas comuns criam uma atmosfera tão insalubre para o corpo quanto deprimente para o espírito.

Le Corbusier, 1933



HEAVY FLUTE - FUNKY FLUTE GROOVES FROM THE 60's & 70's
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GO JOHNNY!








OL' DIRTY BASTARD - RETURN TO THE 36 CHAMBERS - 1995











Jesus anunciou a chegada do reino de deus, e o que afinal apareceu foi a Igreja

Alfred Loisy







ATLETAS - esses "atletas brasileiros" realmente representam a ideologia verde-amarelista: estão sempre enrolados com a "bandeira nacional", chorando com o nosso-hino e "representando o brasil". e, normalmente, perdem o nome: "o brasil jogou hoje": "o brasil compete contra ...": é a nação que funciona: é um dos fascismos mais estranhos do mundo: não tem vergonha de alardear seus emblemas, suas imagens-chavões, seus sentimentos ridículos, suas cores capachos, suas pobrezas, incompetências, mulambos e desnutrições como se fossem o paraíso, a beleza, a verdade, o único. ou melhor, todas as ditaduras não esquecem de expor seus "símbolos nacionais" até a náusea.





OLIMPIADAS - não param de falar nas olimpíadas: não aceito que não sintam a patetice de tudo isso: por mais de um ano, todos os dias, todas as mídias, falando nesta coisa sem propósito (para vender, com certeza, os produtos do mundo!) e agora os “heróis da pátria”, merdas flutuantes (favelados, suburbanos e pobres de todos os terreiros) da republiqueta (pela pobreza, pela ideologia, pelo medo e pela honra) depois de fazerem todas as cacas possíveis, dão desculpas esfarrapadas (lumpen) que poderia ser a base de alguma piedade, se piedade alguma coisa desse território merecesse piedade: e ainda por cima não são culpados de nada: os que são levam, por um lado, grande parte dos louros e das louras, enquanto os pobres infelizes voltam e se atiram, na miséria que lhes cabe um cauntri deste: ficam velhos, pobres, desdentados, arruinados e ainda são levados em programas de auditório para “servir de exemplo para a juventude” (não sei se notam o horror de tudo isso ou fazem esses festivais de perversidade por inocência pura e elevada).

Alberto Lins Caldas



DOWNLOAD: FLAVOR FLAV - HOLLYWOOD - 2006 -
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Obedecer é morrer. Cada instante em que o homem se submete a uma vontade estranha é um instante que na sua própria vida ele elimina.

Quando um indivíduo se vê constrangido a efetuar um ato contrário ao seu desejo ou impedido de agir de acordo com a sua necessidade, deixa assim de viver a sua vida pessoal; ao mesmo tempo que o homem que dá ordens aumenta a sua dominação da vida, sugada à energia dos que se lhe submetem, aquele que obedece aniquila-se, vê-se absorvido por uma personalidade que lhe é estranha, passando a ser apenas força mecânica, ferramenta ao serviço de um dono.

Quando se trata da autoridade exercida por um homem sobre outros homens, por um soberano despótico sobre os súditos, por um patrão sobre os empregados, por um senhor sobre os criados, imediatamente se percebe que esta personalidade emprega a vida dos que lhe estão submetidos para dar satisfação aos seus prazeres, às suas necessidades ou aos seus interesses; ou seja, para melhorar e ampliar a sua vida pessoal em prejuízo da deles.

Aquilo que em geral não se percebe tão facilmente é a nefasta influência, em tudo isto, das autoridades de ordem abstrata: as idéias, os mitos religiosos ou de outro género, os costumes, etc. E no entanto todas as manifestações exteriores de autoridade têm origem numa autoridade mental. Nenhuma autoridade material, seja ela a das leis ou a dos indivíduos, contém atualmente força e razão
em si. Nenhuma se exerce realmente por si mesma, todas se baseiam em idéias.

Alexandra David-Néel



MAZE FEATURING FRANKIE BEVERLY - 1977





Se executamos ações sem conhecer as suas causas, condições ou efeitos, passamos a ser causa, condição e efeito das ações de outros. E quanto mais ignoremos que os donos das nossas ações são outros, tanto mais nossos donos esses outros serão.

Falar é uma das ações mais freqüentes. E a maioria das afirmações que se faz ao falar é falsa. Por exemplo, muitos trabalhadores e empregados dizem: "o dinheiro gera riqueza", ainda que não seja o dinheiro que gere a riqueza, mas sim eles próprios. Ao dizerem-no, estão repetindo o que ouviram. "Ponha o seu dinheiro para render conosco", proclamam os bancos insistentemente. Onde foram aqueles que verdadeiramente trabalham buscar esta idéia que põe o mundo às avessas, apresentando as coisas ao contrário do que são?

O efeito de apresentar assim a questão da produção faz com que os trabalhadores atribuam, na lógica da produção, mais importância ao capital do que a si mesmos, ainda que sejam eles quem produz o capital. O efeito é esta condição de modéstia e humildade induzidas, atributos dos escravos, da mentalidade submissa.

Os habitantes das grandes cidades mostram aos seus visitantes os maravilhosos arranha-céus e os mais recentes edifícios "inteligentes" dos bancos e consórcios empresariais. Apontam para eles com orgulho e falam deles como se fossem seus. Mas a realidade é que são propriedade privada de uns poucos negociantes multimilhonários que com os seus edifícios prodigiosos expulsam esses mesmos habitantes para as periferias.

Os trabalhadores e os assalariados e empregados têm de ir para os subúrbios porque o Estado protege os especuladores imobiliários. Hoje em dia, os trabalhadores deixam mais de um décimo da sua vida no transporte para o local de trabalho. Os expulsos estão orgulhosos da propriedade de quem os expulsa. Não aprenderam a estabelecer as relações entre as diferentes informações, a contextualizá-las. Consideram, aliás, imutável e inelutável a sua situação.

Para que a população aceite esta situação é necessário, está claro, um esforço enorme para mantê-la desinformada, para convencê-la que não existe alternativa, para a manter material e espiritualmente submissa. Os líderes espirituais, os formadores de opinião, desde a
intelligentsia vendida até o papa, sabem que é mais fácil enganar uma população pouco e mal informada, do que uma outra, ilustrada.

Vicente Romano
em A Formação da Mentalidade Submissa




MEDESKI, MARTIN & WOOD - LET'S GO EVERYWHERE - 2008
http://oron.com/sr8zkszvteil










Toda escrita é porcaria. Toda gente literária é porca. Especialmente essa do nosso tempo.

Todos aqueles que têm pontos de referência no espírito, quero dizer, de um certo lado da cabeça, sobre lugares bem demarcados de seus cérebros, todos aqueles que são mestres da sua língua, todos aqueles para os quais as palavras têm um sentido, todos aqueles para quem existem altitudes na alma e correntes no pensamento, aqueles que são o espírito de sua época, e que nomearam essas correntes de pensamento; penso em suas necessidades precisas, e nesse ranger de autômato que espalha a todos os ventos o seu espírito,

- são porcos.

Aqueles para os quais certas palavras têm um sentido, e certas maneiras de ser, aqueles para quem os sentimentos têm classes e que discutem sobre um grau qualquer de suas hilariantes classificações, aqueles que ainda acreditam em “termos”, aqueles que remexem as ideologias em alta na época, aqueles de quem as mulheres falam tão bem e essas mulheres também, que falam tão bem, e que falam das correntes da época, aqueles que ainda crêem numa orientação de espírito, aqueles que seguem vozes, que agitam nomes, que fazem gritar as páginas dos livros,

- esses são os piores porcos.

Antonin Artaud



DOWNLOAD: CYPRESS HILL -
LOS GRANDES ÉXITOS EN ESPAÑOL - 1999 - 224 Kbps

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Quando viajei para longe, vi a terra dos brancos, lá onde havia muito tempo viviam os seus ancestrais. Visitei a terra que eles chamam Eropa. Era a sua floresta, mas eles despiram-na pouco a pouco cortando as árvores para construir as suas casas. Eles fizeram muitos filhos, não pararam de aumentar, e não havia mais floresta. Então, eles pararam de caçar, pois não havia mais caça também. Depois, os seus filhos puseram-se a fabricar mercadorias e o seu espírito começou a obscurecer-se por causa de todos esses bens sobre os quais fixaram o seu pensamento.
Eles construíram casas de pedra, para que não se deteriorassem. Continuaram a destruir a floresta, dizendo: "Nós vamos nos tornar o povo das mercadorias! Vamos fabricar muitas mercadorias e dinheiro também! Assim, quando formos realmente numerosos, jamais seremos miseráveis". Foi com esse pensamento que eles acabaram com a sua floresta e sujaram os seus rios. Agora, só bebem água "embrulhada", que precisam comprar. A água de verdade, a que corre nos rios, já não é boa para beber.

Nos primeiros tempos, os brancos viviam como nós na floresta e os seus ancestrais eram pouco numerosos. Omama transmitiu também a eles as suas palavras, mas não o escutaram. Pensaram que eram mentiras e puseram-se a procurar minerais e petróleo por toda parte, todas essas coisas perigosas que Omama quis ocultar sob a terra e a água porque o seu calor é perigoso. Mas os brancos encontraram-nas e pensaram fazer com elas ferramentas, máquinas, carros e aviões. Eles ficaram eufóricos e disseram: "Nós somos os únicos a ser tão engenhosos, só nós sabemos realmente fabricar as mercadorias e as máquinas!". Foi nesse momento que eles perderam realmente toda a sabedoria. Primeiro estragaram a sua própria terra antes de ir trabalhar na dos outros para aumentar as suas mercadorias sem parar. Nunca mais eles disseram: "Se destruirmos a terra, será que seremos capazes de recriar uma outra?"

Quando conheci a terra dos brancos isso me deixou inquieto. Algumas cidades são belas, mas o seu barulho não pára nunca. Eles correm por elas com carros, nas ruas e mesmo com comboios por debaixo da terra. Há muito barulho e gente por toda parte. O espírito torna-se obscuro e emaranhado, não se pode mais pensar direito. É por isso que o pensamento dos brancos está cheio de vertigens e eles não compreendem as nossas palavras. Eles não fazem mais que dizer: "Estamos muito contentes de rodar e de voar! Continuemos! Procuremos petróleo, ouro, ferro! Os yanomami são mentirosos!". O pensamento desses brancos está obstruído, é por isso que eles maltratam a terra, desbravando-a por toda parte, e a cavam até debaixo das suas casas. Eles não pensam que ela vai desmoronar. Eles não temem cair no mundo subterrâneo. Porém, é assim. Se os "brancos-espíritos-tatus-gigantes", as mineradoras, entram por toda parte sob a terra para retirar minérios, eles vão se perder e cair no mundo escuro e podre dos ancestrais canibais.

Nós, nós queremos que a floresta permaneça como é, sempre. Queremos viver nela com boa saúde e que continuem a viver nela os espíritos xapiripê, a caça e os peixes. Cultivamos apenas as plantas que nos alimentam, não queremos fábricas, nem buracos na terra, nem rios sujos. Queremos que a floresta permaneça silenciosa, que o céu continue claro, que a escuridão da noite caia realmente e que se possam ver as estrelas. As terras dos brancos estão contaminadas, estão cobertas da xawara wakixi, uma "epidemia-fumaça", que se estendeu muito alto no peito do céu. Essa fumaça dirige-se para nós mas ainda não chega lá, pois o espírito Hutukarari repele-a ainda sem descanso. Acima da nossa floresta o céu ainda é claro, pois não faz tanto tempo que os brancos se aproximaram de nós. Mas bem mais tarde, quando eu estiver morto, talvez essa fumaça aumente a ponto de estender a escuridão sobre a terra e de apagar o sol. Os brancos nunca pensam nessas coisas que os xamãs conhecem, é por isso que eles não têm medo. O seu pensamento está cheio de esquecimento. Eles continuam a fixá-lo sem descanso nas suas mercadorias, como se estas fossem as suas namoradas.

Davi Kopenawa Yanomami



DOWNLOAD: KUTIMAN - 2007 - VBR
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A ciência do devir - a caravana - desempoderamento pela ausência - a negação das fronteiras políticas e lingüísticas da velha ordem: Nações são prisões. A experiência do andarilho. O deslocamento e a obtenção de recursos. O nomadismo é uma forma de se relacionar com o ambiente do entorno, tanto físico quanto cultural, quanto psicicológico, por que os três são um só e a possibilidade de interações com este ambiente é virtualmente ilimitada. O nomadismo pede isso, testar as interações com o ambiente. Todos os dias você vai de casa para o trabalho e do trabalho para casa no mesmo horário? Você almoça no mesmo restaurante e conversa com as mesmas pessoas sobre a mesma série idiota da televisão paga? Por quê você não se perde? Não chega no trabalho mais cedo e prepara o café ou lê a agenda do chefe? Expanda seus horizontes para além da rotina massacrante. Continue na rotina massacrante, qualquer que seja, se isso for por algo mais que dinheiro, férias, drogas ou outras compensações fúteis. Tenha mais de uma casa, viva entre elas. Pensando rotas alternativas, mantimentos e eventuais contratempos. Ainda saiba se orientar pelas manifestações da natureza, mas também saiba se orientar na web. Você sabe fazer fogueira? Já sofreu um transe e se transformou em outro ser, com outras potências? Pense diferente e implemente essa diferença. Somos governados por leis naturais e leis sociais, mas usamos da natureza e, enquanto sociedade, criamos e gerimos essas leis que nos governam. Governam? Ainda governam? Só porque não investimos, vários, em algo diferente. O nomadismo é isso. O nomadismo é psíquico, é interno...mas é também essa ação modificando o externo, na rede, no coletivo em que estou. É investir em destruir, é investir em construir a partir de outros nós, feitos com praticamente a mesma corda social. Pois não podemos prescindir da troca, mas podemos mudar, ou até eliminar o dinheiro. Podemos pensar em outras alianças entre os homens e o cosmos. Podemos insistir na pedagogia cotidiana para uma nova ética e uma nova espiritualidade. Podemos gerenciar uma outra territorialidade, sem nenhuma propriedade. E assim por diante.

Hakim Bey


DOWNLOAD: JANKO NILOVIC - RYTHMES CONTEMPORAINS -1973 - 256 Kbps
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CHINESE HIPOCRISY













CURTIS MAYFIELD - SWEET EXORCIST - 1974


O grande desafio do nosso tempo é criar comunidades sustentáveis – comunidades assim designadas por os seus estilos de vida, as tecnologias que utilizam e as suas instituições sociais respeitarem, apoiarem e cooperarem com as limitadas possibilidades naturais existentes de uma forma de vida sustentável. E não é preciso inventá-las a partir de um qualquer guião, basta descobrir nos ecossistemas naturais essas tais comunidades sustentáveis de plantas, animais e micro-organismos. O primeiro passo neste caminho é tornarmo-nos ecologicamente literatos, ou seja, compreendermos todos, quais os princípios de organização envolvidos nos ecossistemas e capazes de sustentar a rede da vida. Nas próximas décadas, dúvidas não há, de que a sobrevivência da humanidade dependerá da nossa literacia ecológica – da nossa capacidade para entender os princípios básicos da ecologia e de viver de acordo com eles.

Fritjof Capra



DOWNLOAD: NIGHTMARES ON WAX - CARBOOT SOUL - 1999 -
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███████████ R.I.P. ISAAC HAYES █████████




A subversão consiste em levar uma vida filosófica na qual as virtudes dominantes da nossa época mercantil (o dinheiro, o poder, a riqueza, a ostentação, as honras, a busca de celebridade, a futilidade, a mundanidade, a paixão pelas aparências…) sejam completamente ignoradas e substituídas sem alarde por valores reais: ser em contraste com o ter; o poder sobre si e não sobre os outros; a indiferença em relação ao dinheiro – quer o tenhamos ou não, nada se fará para o ter; a supremacia da vida interior contra o império do olhar do outro sobre si; a recusa das honras, de que se preferirá o sentido da honra; a indiferença relativamente à celebridade – tenha-se ou não, o importante é nada fazer para a ter; o desejo de se construir em profundidade longe da superficialidade mundana, ou seja, a escultura de si como ato para si e não como ficção para o outro.


Michel Onfray


MOMBASA - AFRICAN RHYTHMS & BLUES - 1975













O país perdeu a inteligência e a consciência moral. Os costumes estão dissolvidos e os caracteres corrompidos. A prática da vida tem por única direção a conveniência. Não há princípio que não seja desmentido, nem instituição que não seja escarnecida. Ninguém se respeita. Não existe nenhuma solidariedade entre os cidadãos. Já se não crê na honestidade dos homens públicos. A classe média abate-se progressivamente na imbecilidade e na inércia. O povo está na miséria. Os serviços públicos vão abandonados a uma rotina dormente. O desprezo pelas idéias aumenta em cada dia. Vivemos todos ao acaso. Perfeita, absoluta indiferença de cima a baixo! Todo o viver espiritual, intelectual, parado. O tédio invadiu as almas. A mocidade arrasta-se, envelhecida, das mesas das secretárias para as mesas dos cafés. A ruína econômica cresce, cresce, cresce… O comércio definha. A indústria enfraquece. O salário diminui. O Estado é considerado na sua ação fiscal como um ladrão e tratado como um inimigo. Neste salve-se quem puder a burguesia proprietária explora o aluguel. A agiotagem explora o juro. De resto a ignorância pesa sobre o povo como um nevoeiro. O número de escolas só por si é dramático. O professor tornou-se um empregado de eleições. A população dos campos, arruinada, vivendo em casebres ignóbeis, sustentando-se de sardinha e de ervas, trabalhando só para o imposto por meio de uma agricultura decadente, leva uma vida de misérias, entrecortada de penhoras. A intriga política alastra-se por sobre a sonolência enfastiada do país. Apenas a devoção perturba o silêncio da opinião, com padre-nossos maquinais. Não é uma existência, é uma expiação.

Eça de Queirós



SHUGGIE OTIS - INSPIRATION INFORMATION - 1974
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Um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio, fatalista e sonâmbulo, burro de carga, besta de nora, agüentando pauladas, sacos de vergonhas, feixes de misérias, sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia dum coice, pois que nem já com as orelhas é capaz de sacudir as moscas; um povo em catalepsia ambulante, não se lembrando nem donde vem, nem onde está, nem para onde vai.

Guerra Junqueiro, 1896.



BLO - PHASE II - 1974
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Quem deve enfrentar monstros deve permanecer atento para não se tornar também um monstro. Se olhares demasiado tempo dentro de um abismo, o abismo acabará por olhar dentro de ti.

Friedrich Nietzsche






EDAN - BEAUTY AND THE BEAT - 2005
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MIKE ROZAKIS - SHE KNEW NO OTHER WAY OST - 1973