A HIPÓTESE DE AGENDAMENTO (AGENDA-SETTING)



A hipótese de agendamento, ou agenda-setting, foi proposta pelos teóricos de comunicação Maxwell E. McCombs e Donald L. Shaw em seu artigo "The Agenda-Setting Function of Mass Media", de 1972. Barros Filho resumidamente a define como "... um tipo de efeito social da mídia. É a hipótese segundo a qual a mídia, pela seleção, disposição e incidência de suas notícias, vem determinar os temas sobre os quais o público falará e discutirá".

Os estudos de McCombs e Shaw se baseiam nos desdobramentos do clássico "
Public Opinion", publicado por Walter Lippman em 1922. Os pesquisadores citam, inicialmente, estudo de Lang e Lang segundo o qual "a imprensa foca sua atenção em determinados assuntos. Os mass media constroem a imagem pública de personalidades políticas. Eles apresentam determinados elementos que sugerem sobre o que devemos pensar, os assuntos a respeito dos quais devemos saber e a quais deles devemos dar mais importância". Shaw e McCombs citam ainda texto de Cohen, de 1963, indicando que "embora a imprensa não consiga, na maioria das vezes, determinar o que as pessoas devem pensar, ela é espantosamente eficaz ao determinar as questões sobre as quais as pessoas devem pensar".

O termo metafórico "agenda" tem quatro de seus componentes listados por McCombs e Shaw:
  • Agenda Midiática: questões discutidas na mídia, como jornais, televisão ou rádio
  • Agenda Pública: questões discutidas pessoalmente pelo público em geral
  • Agenda Política: questões que políticos julgam importantes
  • Agenda Corporativa: questões que grandes corporações consideram importantes

Essas quatro agendas estão sempre inter-relacionadas. Os dois pressupostos básicos a que todos os estudos levaram foram:
1. A imprensa e a mídia não refletem a realidade, mas sim filtram e formatam a realidade
2. O foco da mídia em determinadas questões e assuntos induz o público a considerar essas questões mais importantes e relevantes do que quaisquer outras.

As agendas corporativa e política tem real e efetivo poder sobre a agenda midiática, que por sua vez tem influência direta sobre a agenda pública. Noutras palavras: os interesses políticos e as megacorporações manipulam o público através da imprensa, salientando determinadas questões e acobertando outras, de acordo com seus interesses. O público então discute e dá importância apenas a determinados assuntos, sempre introjetados.


Leia também:





DIZZY GILLESPIE - THE REAL THING - 1970
http://www.fileden.com/files/2007/11/28/1612124//Dizzy%20Gillespie%201970%20The%20Real%20Thing.zip

SOBRE O SISTEMA



1
. Os funcionários não funcionam. Os políticos falam mas não dizem. Os votantes votam mas não escolhem. Os meios de informação desinformam. Os centros de ensino ensinam a ignorar. Os juízes condenam as vítimas. Os militares estão em guerra contra seus compatriotas. Os policiais não combatem os crimes, porque estão ocupados cometendo-os. As bancarrotas são socializadas, os lucros são privatizados. O dinheiro é mais livre que as pessoas. As pessoas estão a serviço das coisas.


2. Tempo dos camaleões: ninguém ensinou tanto à humanidade quanto estes humildes animaizinhos. Considera-se culto quem oculta, rende-se culto à cultura do disfarce. Fala-se a dupla linguagem dos artistas da dissimulação. Dupla linguagem, dupla contabilidade, dupla moral: uma moral para dizer, outra moral para fazer.


3. Quem não banca o vivo, acaba morto. Você é obrigado a ser fodedor ou fodido, mentidor ou mentido. Tempos de o que me importa, de o que se há de fazer, do é melhor não se meter, do salve-se quem puder. Tempo dos trapaceiros: a produção não rende, a criação não serve, o trabalho não vale. No rio da Prata, chamamos o coração de bobo. E não porque se apaixona: o chamamos de bobo porque trabalha muito.

Eduardo Galeano
em O Livro dos Abraços



DOWNLOAD: GIL SCOTT-HERON - MOVING TARGET - 1982 - 320 Kbps
http://depositfiles.com/pt/files/ge0pg7c9a













Onde quer que homens civilizados tenham pela primeira vez aparecido, eles foram vistos pelos nativos como demônios, fantasmas, espectros.
Nunca como
homens vivos!

Emil Cioran







BILLY PAUL - 360 DEGREES OF BILLY PAUL - 1972
https://rapidshare.com/files/2945699403/BillyPaul_360.rar

ONU


Estamos acostumados a tomar como certo tudo que a ONU diz e determina. Suas estatísticas são incontestáveis. Suas recomendações são ordens. Tudo que de lá vem é bom, por princípio. Pois não é lá que se defende a paz e a harmonia entre os homens? Uma espécie de deus de uma religião pagã? Seus funcionários se metem em tudo através das diversas ‘agências’ – sofisma que será empregado até poderem usar o nome verdadeiro: Ministérios Mundiais. A burocracia já atingiu níveis nunca alcançados em nenhum outro lugar, nem mesmo na URSS. São mais de 130 agências, comissões, sub-comissões, delegacias, inspetorias, etc., das quais conhecemos uma parte ínfima mas pelas quais já se pode perceber o tremendo poder de que dispõem.

É a UNESCO que determina os currículos do mundo inteiro. É a OMS que diz o que podemos comer, como devemos cuidar de nosso corpo e mente, que medidas sanitárias devemos usar. A OMC determina como deve ser o comércio mundial. A AIEA determina quem pode ter armas nucleares. A UNICEF estabelece as categorias nas quais temos que cuidar de nossos filhos, quantos devemos ter. A FAO distribui os plantios agrícolas. O complexo bancário FMI/BANCO MUNDIAL/BID decide quais países serão economicamente viáveis, quais devem falir. São tantas as ‘agências/ministérios’ que nem sei quem determina a falácia chamada IDH – Índice de Desenvolvimento Humano.
(...)
Criada dos escombros de uma das mais sangrentas guerras da história humana por uma população exausta ansiando por paz após seis anos de matanças, a ONU teve as condições propícias para já nascer hipnótica: as pessoas queriam se convencer de que a paz eterna é possível se criado um mecanismo internacional de diálogo entre as nações. Aí fica fácil iludir todo mundo, pois esta é a única condição sine qua non para o hipnotismo: o paciente desejá-lo.
(...)
A ONU não quer a paz! Quer é a guerra; quanto mais guerra mais justifica sua necessidade e mais se apresenta como a única solução. Se acabarem-se as guerras, acaba a ONU. Alguém acredita que interessa aos médicos acabar com todas as doenças e ficar desempregados? Ou que interessa aos advogados fazerem leis simples que todos entendam e possam se defender sozinhos?


Heitor de Paola


ADRIAN YOUNGE - BLACK DYNAMITE OST - 2009



Quando a força e a mentira fracassam em quebrar o homem e em domesticá-lo, é aplicada a sedução. Quais são os métodos de sedução do poder? A coação interiorizada que assegura uma consciência tranqüila baseada na mentira: o masoquismo do cidadão honesto. Foi de fato necessário chamar de desprendimento ao que não passava de castração, pintar com as cores da liberdade a escolha entre as várias formas de servidão. O "sentimento do dever cumprido" faz de cada um o respeitável carrasco de si próprio.


Raoul Vaneigem


EL-P - FANTASTIC DAMAGE - 2002
http://www.mediafire.com/?zgdzzzy4tmd

CLIMATEGATE: A FARSA DO AQUECIMENTO GLOBAL









"Pensamos que, atualmente, a ciência do clima é demasiado importante para que se mantenha secreta. Por isso, tornamos público correspondências, códigos e documentos escolhidos aleatoriamente. Esperamos que isto abra os olhos para se ver em que ponto está esta ciência e como ela é utilizada por estes responsáveis."



Foram estas as palavras dos hacktivistas* que, em 20 de novembro de 2009, publicaram mais de 60 Mb de arquivos provenientes da Climate Research Unit (CRU) da Universidade de East Anglia, no Reino Unido. Dentre os documentos estavam e-mails trocados ao longo dos últimos 13 anos entre climatologistas britânicos e norteamericanos que revelaram constantes manipulações de dados com o objetivo de forjar (ou reforçar) o mito do aquecimento global, além de vários outros absurdos. O arquivo foi disponibilizado em sites de diversos climatologistas com o nome de FOI2009.zip, em referência à Freedom of Information Act, ou a Lei da Liberdade de Informação anglo-saxã, conhecida por FOIA. A este escândalo científico, um dos maiores da história, foi dado o nome Climategate.

*Nota posterior: inicialmente considerada uma ação premeditada realizada por hackers, agora tem sido tratada como a denúncia interna de uma fraude científica. Pelo volume e pela diversidade dos dados, estima-se que somente alguém de dentro da instituição poderia ter acesso a tantos arquivos e documentos.


Leia também:


Documentário A Grande Farsa do Aquecimento Global, parte 1 de 9


DOWNLOAD FILM TORRENT: THE GREAT GLOBAL WARM SWINDLE

- Martin Durkin - 2007 - 74 min - 697 Mb .avi - Legendas em Português -


Durante o estágio de vulnerabilidade, qualquer pessoa pode ser convertida a qualquer sistema de valores. Facilmente podemos ser induzidos a entoar "Hare Krishna, Hare Krishna" como "Jesus morreu por nós", ou a bradar "abaixo o Vaticano", aceitando plenamente as ideologias que estão por trás desses temas. O passo seguinte, na lavagem cerebral, consistirá em nos convencer de que qualquer pessoa que não partilhe dos nossos novos valores será sempre débil, estúpida ou louca.

Timothy Leary

BELLS FROM THE DEEP: FAITH AND SUPERSTITION IN RUSSIA - WERNER HERZOG - 1993 -



Documentário genial do cineasta alemão Werner Herzog sobre misticismo, superstição e fé na Rússia.
O streaming acima mostra pequeno trecho do filme em que moradores de Tuva entoam cantos guturais mongóis na Sibéria. O torrent abaixo traz o filme completo narrado em inglês, sem legendas.



- Werner Herzog - 1993 - 60min. - 699 Mb .avi -

CARANGUEJOS



  • No mangue, tudo é, foi ou será caranguejo, inclusive o homem e a lama.
  • Não foi na Sorbonne, nem em qualquer outra universidade sábia que travei conhecimento com o fenômeno da fome. A fome se revelou espontaneamente aos meus olhos nos mangues do Capiberibe, nos bairros miseráveis do Recife - Afogados, Pina, Santo Amaro, Ilha do Leite. Esta foi a minha Sorbonne. A lama dos mangues de Recife, fervilhando de caranguejos e povoada de seres humanos feitos de carne de caranguejo, pensando e sentindo como caranguejo.
  • São seres anfibios - habitantes da terra e da água, meio homens e meio bichos. Alimentados na infância com caldo de caranguejo - este leite de lama -, se faziam irmãos de leite dos caranguejos.
  • Cedo me dei conta desse estranho mimetismo: os homens se assemelhando em tudo aos caranguejos. Arrastando-se, acachapando-se como caranguejos para poderem sobreviver.
  • A impressão que eu tinha, era de que os habitantes dos mangues - homens e caranguejos nascidos à beira do rio - à medida que iam crescendo, iam cada vez se atolando mais na lama.
  • Pensei a princípio que a fome era um triste privilégio desta área onde eu vivo - a área dos mangues. Depois verifiquei que, no cenário de fome do Nordeste, os mangues eram uma verdadeira terra da promissão, que atraía homens vindos de outras áreas de mais fome ainda - das áreas da seca e da monocultura da cana-de-açúcar, onde a indústria açucareira esmagava, com a mesma indiferença, a cana e o homem, reduzindo tudo a bagaço.

Josué de Castro, 1966


Leia também: CARANGUEJOS COM CÉREBRO



CHICO SCIENCE & NAÇÃO ZUMBI - CSNZ - DUPLO - 1998
http://www.mediafire.com/?z1wu1znmq4f

VACAS




... a visão de uma humanidade transformada em rebanho de vacas. Uma humanidade que pastará e ruminará satisfeita e inconsciente, consumindo erva, na qual uma elite invisível de "pastores" tem interesse investido, e produzindo o leite para tal elite. Tal humanidade será manipulada pela elite de maneira tão sutil e perfeita que se tomará por livre. Isto será possível graças à automaticidade do funcionamento da vaca. A liberdade ilusória encobrirá a manipulação "pastoril" perfeitamente. A vida se resumirá às funções típicas da vaca: nascimento, consumo, ruminação, produção, lazer, reprodução e morte.

Vilém Flusser






DOWNLOAD: KEN BOOTHE - MR. ROCK STEADY - 1968 - 192 Kbps
http://www.mediafire.com/?dvjt3yhyyln

NOSSO TEMPO

I
Esse é tempo de partido,
tempo de homens partidos.
Em vão percorremos volumes,
viajamos e nos colorimos.
A hora pressentida esmigalha-se em pó na rua.
Os homens pedem carne. Fogo. Sapatos.
As leis não bastam. Os lírios não nascem
da lei. Meu nome é tumulto, e escreve-se
na pedra.
Visito os fatos, não te encontro.
Onde te ocultas, precária síntese,
penhor de meu sono, luz
dormindo acesa na varanda?
Miúdas certezas de empréstimos, nenhum beijo
sobe ao ombro para contar-me
a cidade dos homens completos.
Calo-me, espero, decifro.
As coisas talvez melhorem.
São tão fortes as coisas!
Mas eu não sou as coisas e me revolto.
Tenho palavras em mim buscando canal,
são roucas e duras,
irritadas, enérgicas,
comprimidas há tanto tempo,
perderam o sentido, apenas querem explodir.


II
Esse é tempo de divisas,
tempo de gente cortada.
De mãos viajando sem braços,
obscenos gestos avulsos.
Mudou-se a rua da infância.
E o vestido vermelho
vermelho
cobre a nudez do amor,
ao relento, no vale.
Símbolos obscuros se multiplicam.
Guerra, verdade, flores?
Dos laboratórios platônicos mobilizados
vem um sopro que cresta as faces
e dissipa, na praia, as palavras.
A escuridão estende-se mas não elimina
o sucedâneo da estrela nas mãos.
Certas partes de nós como brilham! São unhas,
anéis, pérolas, cigarros, lanternas,
são partes mais íntimas,
e pulsação, o ofego,
e o ar da noite é o estritamente necessário
para continuar, e continuamos.


III
E continuamos. É tempo de muletas.
Tempo de mortos faladores
e velhas paralíticas, nostálgicas de bailado,
mas ainda é tempo de viver e contar.
Certas histórias não se perderam.
Conheço bem esta casa,
pela direita entra-se, pela esquerda sobe-se,
a sala grande conduz a quartos terríveis,
como o do enterro que não foi feito, do corpo esquecido na mesa,
conduz à copa de frutas ácidas,
ao claro jardim central, à água
que goteja e segreda
o incesto, a bênção, a partida,
conduz às celas fechadas, que contêm:
papéis?
crimes?
moedas?
Ó conta, velha preta, ó jornalista, poeta, pequeno historiador urbano,
ó surdo-mudo, depositário de meus desfalecimentos, abre-te e conta,
moça presa na memória, velho aleijado, baratas dos arquivos, portas rangentes, solidão e asco,
pessoas e coisas enigmáticas, contai;
capa de poeira dos pianos desmantelados, contai;
velhos selos do imperador, aparelhos de porcelana partidos, contai;
ossos na rua, fragmentos de jornal, colchetes no chão da
costureira, luto no braço, pombas, cães errantes, animais caçados, contai.
Tudo tão difícil depois que vos calastes...
E muitos de vós nunca se abriram.


IV
É tempo de meio silêncio,
de boca gelada e murmúrio,
palavra indireta, aviso
na esquina. Tempo de cinco sentidos
num só. O espião janta conosco.
É tempo de cortinas pardas,
de céu neutro, política
na maçã, no santo, no gozo,
amor e desamor, cólera
branda, gim com água tônica,
olhos pintados,
dentes de vidro,
grotesca língua torcida.
A isso chamamos: balanço.
No beco,
apenas um muro,
sobre ele a polícia.
No céu da propaganda
aves anunciam
a glória.
No quarto,
irrisão e três colarinhos sujos.


V
Escuta a hora formidável do almoço
na cidade. Os escritórios, num passe, esvaziam-se.
As bocas sugam um rio de carne, legumes e tortas vitaminosas.
Salta depressa do mar a bandeja de peixes argênteos!
Os subterrâneos da fome choram caldo de sopa,
olhos líquidos de cão através do vidro devoram teu osso.
Come, braço mecânico, alimenta-te, mão de papel, é tempo de comida,
mais tarde será o de amor.
Lentamente os escritórios se recuperam, e os negócios, forma indecisa, evoluem.
O esplêndido negócio insinua-se no tráfego.
Multidões que o cruzam não vêem. É sem cor e sem cheiro.
Está dissimulado no bonde, por trás da brisa do sul,
vem na areia, no telefone, na batalha de aviões,
toma conta de tua alma e dela extrai uma porcentagem.
Escuta a hora espandongada da volta.
Homem depois de homem, mulher, criança, homem,
roupa, cigarro, chapéu, roupa, roupa, roupa,
homem, homem, mulher, homem, mulher, roupa, homem,
imaginam esperar qualquer coisa,
e se quedam mudos, escoam-se passo a passo, sentam-se,
últimos servos do negócio, imaginam voltar para casa,
já noite, entre muros apagados, numa suposta cidade, imaginam.
Escuta a pequena hora noturna de compensação, leituras, apelo ao cassino, passeio na praia,
o corpo ao lado do corpo, afinal distendido,
com as calças despido o incômodo pensamento de escravo,
escuta o corpo ranger, enlaçar, refluir,
errar em objetos remotos e, sob eles soterrados sem dor,
confiar-se ao que bem me importa
do sono.
Escuta o horrível emprego do dia
em todos os países de fala humana,
a falsificação das palavras pingando nos jornais,
o mundo irreal dos cartórios onde a propriedade é um bolo com flores,
os bancos triturando suavemente o pescoço do açúcar,
a constelação das formigas e usurários,
a má poesia, o mau romance,
os frágeis que se entregam à proteção do basilisco,
o homem feio, de mortal feiúra,
passeando de bote
num sinistro crepúsculo de sábado.


VI
Nos porões da família
orquídeas e opções
de compra e desquite.
A gravidez elétrica
já não traz delíquios.
Crianças alérgicas
trocam-se; reformam-se.
Há uma implacável
guerra às baratas.
Contam-se histórias
por correspondência.
A mesa reúne
um copo, uma faca,
e a cama devora
tua solidão.
Salva-se a honra
e a herança do gado.


VII
Ou não se salva, e é o mesmo. Há soluções, há bálsamos
para cada hora e dor. Há fortes bálsamos,
dores de classe, de sangrenta fúria
e plácido rosto. E há mínimos
bálsamos, recalcadas dores ignóbeis,
lesões que nenhum governo autoriza,
não obstante doem,
melancolias insubornáveis,
ira, reprovação, desgosto
desse chapéu velho, da rua lodosa, do Estado.
Há o pranto no teatro,
no palco? no público? nas poltronas?
há sobretudo o pranto no teatro,
já tarde, já confuso,
ele embacia as luzes, se engolfa no linóleo,
vai minar nos armazéns, nos becos coloniais onde passeiam ratos noturnos,
vai molhar, na roça madura, o milho ondulante,
e secar ao sol, em poça amarga.
E dentro do pranto minha face trocista,
meu olho que ri e despreza,
minha repugnância total por vosso lirismo deteriorado,
que polui a essência mesma dos diamantes.


VIII
O poeta
declina de toda responsabilidade
na marcha do mundo capitalista
e com suas palavras, intuições, símbolos e outras armas
prometa ajudar
a destruí-lo
como uma pedreira, uma floresta
um verme.


Carlos Drummond de Andrade



DONNY HATHAWAY - EVERYTHING IS EVERYTHING - 1970
http://www.mediafire.com/?0ozo4mtmybz

A GRANDE SALA DE ESPERA



Entre as definições da ilha planetária em que nos encontramos desterrados, uma das mais apropriadas seria: uma grande sala de espera. Uma terça parte da vida é anulada numa semimorte, outra gasta em fazer mal a nós mesmos e aos outros e a última esboroa-se e consome-se na expectativa. Esperamos sempre alguma coisa ou alguém – que vem ou não, que passa ou desilude, que satisfaz ou mata. Começa-se, em criança, a esperar a juventude com impaciência quase alucinada; depois, quando adolescente, espera-se a independência, a fortuna ou porventura apenas um emprego e uma esposa. Os filhos esperam a morte dos pais, os enfermos a cura, os soldados a passagem à disponibilidade, os professores as férias, os universitários a formatura, as mulheres um marido, os velhos o fim. Quem entrar numa prisão verificará que todos os reclusos contam os dias que os separam da liberdade; numa escola, numa fábrica ou num escritório, só encontrará criaturas que esperam, contando as horas, o momento da saída e da fuga. E em toda a parte – nos parques públicos, nos cafés, nas salas – há o homem que espera uma mulher ou a mulher que espera um homem. Exames, concursos, noivados, loterias, seminários, operações da Bolsa – são formas e causas de expectativa.


Todos, com diferentes paixões, esperam – sobretudo, as fortunas repentinas, as mudanças imprevistas, o insólito e, com frequência, o impossível. A imaginação trabalha, a fantasia floresce, a paciência suporta, a visão beatífica da hora de contemplação preenche as longas horas da vigília. Quando acontece ou se alcança o esperado, abrem-se todas as comportas da alegria. Mas por pouco tempo, pois a meta não é tão atraente como parecia de longe, ao longo do caminho – toda a vitória, no dia imediato, tem o mesmo sabor da derrota. Ou então surge demasiado tarde, quando o espírito se modificou e já não dispõe de forças para saborear o bem esperado durante tanto tempo; a mulher perfeita que se oferece, finalmente, quando o jovem ardente se tornou um velho saciado, árido ou flácido. Todo o seu amor se consumou debaixo das janelas, no frio das noites infinitas – quando é lançada a escada, as pernas e os braços não obedecem ou o inflamado partiu. Mas a desilusão, em vez de conduzir à renúncia, incita a novas expectativas. E toda a vida do homem, apesar de todos os adiamentos e paragens, não passa de um esperar a vida. Todo o presente afigura-se-nos apenas um adiantamento para a nossa fome ou um mau prefácio de um livro maravilhoso.
E, enquanto esperamos a vida, esquecemo-nos de viver.

Giovanni Papini



DEEP PUDDLE DYNAMICS - THE TASTE OF RAIN... WHY KNEEL? - 2002
http://www.mediafire.com/?uymghhzjwdd

HITLER III° MUNDO


Clássico do Cinema Marginal dirigido por José Agrippino de Paula em 1968. Antimperialista, antifascista, antiditatorial, alucinante em som e imagem do começo ao fim: um filme único na história do cinema. Direção, fotografia e som excepcionais. Filme raro de se encontrar, disponibilizado pelo excelente blog O Sétimo Projetor, que, além dele, também traz outras preciosidades como Tabu e O Anjo Nasceu, ambos de Júlio Bressane; Sem Essa, Aranha, de Rogério Sganzerla; Os Monstros de Babaloo, de Elyseu Visconti e ZéZero, de Ozualdo Candeias, dentre outras tantas.


FILME TORRENT: HITLER III° MUNDO - JOSÉ AGRIPPINO DE PAULA - 1968 - 71 min

MANADAS



*. o capitalismo enquanto “nazismo” normalizado, midiatizado, suportável, quase imperceptível {“camadas” inteiras da população não conseguem perceber ele seja por serem absolutamente excluídos, o lixo humano que rola nas cidades, fora do consumo e da produção, vivendo como ratos; participarem ativamente da manada de trabalhadores, sendo roídos a todo minuto pelo produzir, pelo consumir e por todas as formas de reprodução; serem servidores [classes médias], que se tornaram o “espírito dominante da vida social” exatamente por servirem à hegemonia com todo seu corpo, sua alma, seu tempo e todas as suas crenças, incluindo aí as várias formas de “intelectual”; ou por aqueles que detêm o poder e os meios de produção: cada um é dormente segundo sua covardia, participação ou cumplicidade}, dimensão regular do real, tornou-se o tempo, a memória, a história e a atmosfera esperada e em plena reprodução atual do programa geral da virtualidade.

*. a pessoa, o eu, o sujeito, o cidadão e o ser humano (produções monstruosas da práxis e seus fantasmas hipostasiados) aceitam, exigem, imploram serem governados, isto é, acossados, adestrados, advertidos, amedrontados, analisados, anotados, aprisionados, avaliados, caçados, calculados, censurados, cevados, comandados, comparados, comprados, corrigidos, decompostos, dirigidos, doutrinados, emudecidos, escravizados, espancados, espionados, esquecidos, exercitados, explicados, explorados, exterminados, extorquidos, fuzilados, guardados, igualados, iludidos, impedidos, inspecionados, interpretados, julgados, legislados, maltratados, medidos, multados, mumificados, negociados, pressionados, prostituídos, recenseados, reciclados, reformados, registrados, regulamentados, reprimidos, reprovados, roubados, sacrificados, tarifados, utilizados, vendidos: tudo em nome da pátria, da história, da natureza, das leis, de deus: como se tudo isso não fosse laboriosa e dormentemente criado, reproduzido e imposto em profunda hipóstase pela própria manada.

*. tudo que a manada acredita, segue, ensina, formata é periculoso para o indivíduo. como não sabe nem pode saber que todos os seus sistemas elementares de crenças criam e reproduzem suas estruturas imaginárias e simbólicas enquanto “o real”, como não sabem que “o real” são eles mesmos em manada, em função, em atividade conjunta e dispersa, o indivíduo, a singularidade, o nódulo de negatividade corre perigo de ser atropelado pela loucura desesperada seja da manada como um todo, como um grupo ou mesmo como um sujeito ou uma pessoa: todos profundamente periculosos.

*. todo governo, estado, organização, instituição, partido, é a expressão, em imagem menos, da própria manada. não há tirania (qualquer forma de governo, de estado, de autoridade) que não seja um espelho menor das muitas manadas dentro da manada e seus micro-poderes de apoio, contribuição, garantia, fiança, estímulo, de aplauso, de concordância, de reforço, de adesão, de torcida. todo estado, todo governo é o espectro monstruoso da manada, seu pesadelo, sua loucura, sua doença, seu horror, seu torpor, sua alucinação materializada, a produção colossal de um parasita.

Alberto Lins Caldas



LARRY SAUNDERS & OTHERS - FREE ANGELA - 1972
http://depositfiles.com/files/67ylghm83



Se fizermos uma comparação com os índios, poderemos dizer que os civilizados são uma sociedade sofrida. (...)
O índio em sua tribo tem um lugar estável e tranqüilo. É totalmente livre, sem precisar dar satisfações de seus atos a quem quer que seja. Toda estabilidade tribal, toda coesão está assentada num mundo mítico. Que diferença enorme entre as duas humanidades: uma, tranqüila, onde o homem é dono de todos os seus atos; outra, uma sociedade em explosão, onde é preciso um aparato, um sistema repressivo para poder manter a ordem e a paz dentro da sociedade. Se um indivíduo der um grito no centro de São Paulo, uma rádio-patrulha poderá levá-lo preso. Se um índio der um tremendo berro no meio de uma aldeia, ninguém olhará para ele, nem irá perguntar porque ele gritou.


Orlando Villas Boas
(revista Visão, 10/2/75)












Todos vós, que amais o trabalho desenfreado: o vosso labor é maldição e desejo de esquecerdes quem sois.

Friedrich Nietzsche











WILLIE DIXON - THE CHESS BOX - 1951~1965 - DUPLO
CD1: http://www.4shared.com/file/kc3fdF-U/Willie_Dixon_-_Chess_Box_CD1.html
CD2: http://www.4shared.com/file/cZqnyvau/Willie_Dixon_-_Chess_Box_CD2.html


O capital como está sendo usado transformou-se em uma luta de classes, onde os mais espertos assumem o comando de todo o poder social. Até mesmo parece que é uma luta de ladrões, contemplada pelo povo alienado pela bebida, pelas drogas, pela televisão, pela mídia que publica todas as mentiras possíveis e pelas universidades que dão ênfase aos autores que lhes são favoráveis.


O sistema capitalista proposto por Adam Smith é um perfeito jogo, onde os indivíduos espertos levam vantagem sobre seus parceiros; no entanto, há uma diferença maior ainda: enquanto que em uma mesa de jogo sentam-se só jogadores, na vida econômica, o povo trabalha, simples e inexperiente, enfrenta toda espécie de malabarismo e ilusionismo que os experts têm. Desse modo, cria-se um grande hiato entre a população; que se torna um verdadeiro joguete dos que não são honestos.

Norberto Keppe


CAN - ZHENGZHENG RIKANG - 1968



Nada me pesa tanto no desgosto como as palavras sociais de moral. Já a palavra "dever" é para mim desagradável como um intruso. Mas os termos "dever cívico", "solidariedade", "humanitarismo", e outros da mesma estirpe, repugnam-me como porcarias que despejassem sobre mim de janelas. Sinto-me ofendido com a suposição, que alguém porventura faça, de que essas expressões têm que ver comigo, de que lhes encontro, não só uma valia, mas sequer um sentido.

Vi há pouco, em uma montra de loja de brinquedos, umas coisas que exatamente me lembraram o que essas expressões são. Vi, em pratos fingidos, manjares fingidos para mesas de bonecas. Ao homem que existe, sensual, egoísta, vaidoso, amigo dos outros porque tem o dom da fala, inimigo dos outros porque tem o dom da vida, a esse homem que há que oferecer com que brinque às bonecas com palavras vazias de som e tom?

O governo assenta em duas coisas: refrear e enganar. O mal desses termos lantejoulados é que nem refreiam nem enganam. Embebedam, quando muito, e isso é outra coisa.

Se alguma coisa odeio, é um reformador. Um reformador é um homem que vê os males superficiais do mundo e se propõe curá-los agravando os fundamentais. O médico tenta adaptar o corpo doente ao corpo são; mas nós não sabemos o que é são ou doente na vida social.

Não posso considerar a humanidade senão como uma das últimas escolas na pintura decorativa da Natureza. Não distingo, fundamentalmente, um homem de uma árvore; e, por certo, prefiro o que mais decore, o que mais interesse os meus olhos pensantes. Se a árvore me interessa mais, pesa-me mais que cortem a árvore do que o homem morra. Há idas de poente que me doem mais que mortes de crianças. Em tudo sou o que não sente, para que sinta.

Quase me culpo de estar escrevendo estas meias reflexões nesta hora em que dos confins da tarde sobe, colorindo-se, uma brisa ligeira. Colorindo-se não, que não é ela que se colora, mas o ar em que bóia incerta; mas como me parece que ela mesma que se colora, é isso que digo, pois hei-de por força dizer o que me parece, visto que sou eu.

Bernardo Soares
em O Livro do Desassossego



WALI AND THE AFRO-CARAVAN - HOME LOST AND FOUND - 1973
http://www.mediafire.com/?5c2oyezgwoh

A ATMOSFERA DO MEDO AMBIENTE



O sentimento dominante, agora, é a sensação de um novo tipo de incerteza, não limitada à própria sorte e aos dons de uma pessoa, mas igualmente a respeito da futura configuração do mundo, a maneira correta de viver nele e os critérios pelos quais julgar os acertos e erros da maneira de viver. O que também é novo em torno da interpretação pós-moderna da incerteza (em si mesma, não exatamente uma recém-chegada num mundo do passado moderno) é que ela já não é vista como um mero inconveniente temporário, que com o esforço devido possa ser ou abrandado ou inteiramente transposto. O mundo pós-moderno está-se preparando para a vida sob uma condição de incerteza que é permanente e irredutível.


Vivemos hoje, para tomar emprestada a feliz expressão cunhada por Marcus Doel e David Clarke, na atmosfera do medo ambiente.




CRIMINAL MINDED 1 & 2



CRIMINAL MINDED
- 2007



O filmes mostram a crew CMD de Berlin realizando intervenções artísticas diversas em trens alemães. Trilha sonora, montagem e ações excepcionais. Ambos os streamings trazem a primeira parte de cada um dos filmes.



CRIMINAL MINDED 2 - 2009










Imagine um homem de 35 anos. Todas as manhãs ele pega o carro, entra no escritório, classifica arquivos, almoça na cidade, joga na lotérica, reclassifica arquivos, sai do trabalho, bebe uma cerveja, regressa a casa, encontra a mulher, beija os filhos, come um bife vendo televisão, deita-se, fornica, adormece. Quem reduz a vida de um homem a essa lamentável sequência de clichês? Um jornalista, um policial, um pesquisador, um romancista populista? De modo nenhum. É ele próprio, é o homem de que falo que se esforça em decompor o dia em uma sequência de posses escolhidas mais ou menos inconscientemente no meio de uma gama de estereótipos dominantes. Arrastado de corpo e de consciência perdidos, numa sedução de imagens sucessivas, desvia-se do prazer autêntico para ganhar, por um ascese de paixão, uma alegria adulterada, excessivamente demonstrativa para ser mais do que fachada. Os papéis assumidos um após o outro lhe proporcionam uma titilação de satisfação quando consegue modelá-los fielmente em estereótipos. A satisfação do papel bem desempenhado é diretamente proporcional á distância com que ele se afasta de si próprio, com que se nega, com que se auto-sacrifica.

Raoul Vaneigem



NELSON CAVAQUINHO - 1973
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O Rio de Janeiro possui a polícia mais violenta do mundo. O grau de letalidade da polícia carioca supera todas as polícias dos Estados Unidos somadas. Nos últimos sete anos, as mortes provocadas pelas ações policiais cresceram 298,3%. Hoje são mais de três pessoas por dia mortas pela polícia. O perfil das vítimas é conhecido: jovens do sexo masculino, pretos, pobres, moradores de favelas e periferias e de baixíssima escolaridade.

Marcelo Freixo, 2006




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Talvez uma história acontecida no século passado sirva para esclarecer o caráter social da economia: um empresário inglês, de nome Peel, resolveu se transferir para a Austrália. Levou consigo dinheiro e inúmeras famílias sob seu patrocínio para migrarem. Deste modo, tinha o dinheiro, os trabalhadores e, na Austrália, recursos naturais em abundância. Todavia, aquelas famílias que haviam sido expropriadas da terra na Grã-Bretanha, uma vez chegadas à Austrália, resolveram se apropriar das terras ali disponíveis. Peel ficou com seu dinheiro sem se valorizar, pois havia esquecido de levar para lá um juiz para decretar que a terra era propriedade privada e, assim, aquelas famílias ficarem privadas de as utilizar; a polícia para prender quem desobedecesse à lei; um padre para dizer que aquilo era sagrado e o professor para dizer que tudo aquilo era natural. Como nada disso foi instituído por Peel, o capitalismo teve de esperar mais alguns anos para se implantar com tudo isso que é necessário para sua existência.

Carlos Walter P. Gonçalves



PROPHETS OF SOUL - GREGORY JAMES EDITION - 1973
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A ocidentalização da cultura caminha a par com o desenvolvimento urbano, comercial e a necessidade de “letrados” para darem andamento burocrático às estruturas de poder formadas em torno da Igreja e do Estado Moderno. De um lado, o intelectual é domesticado no contexto das universidades ligadas à Santa Sé, de outro, com a emergência do jesuitismo, seu aprendizado passará pelo processo de organização e planejamento de estudos num espírito de obediência – é o sentido da ratio studiorum de 1586.


A ascensão do docente na carreira não depende da verificação dos resultados obtidos a longo prazo sobre seus alunos; portanto, os critérios da eficácia ou valor são desprezados e o de conformidade (aprovação nos exames, provas) supervalorizados. O exame, mais que o programa, define a pedagogia do docente. O objetivo que a pedagogia burocrática lhe propõe não é o enriquecimento intelectual do aluno, mas seu êxito no sistema de exames. O melhor meio para passar nos exames consiste então em desenvolver o conformismo, submeter-se: isto é chamado de “ordem”. Portanto, colocam-se três objetivos ao docente: conformidade ao programa, obtenção da obediência e o êxito nos exames. A escola conduz a um condicionamento mais longo num quadro uniforme e máxima divisão do saber que não visa à formação de algo, mas sim, a uma acumulação mecânica de noções ou informações mal digeridas.


Uma escola fundada na memorização do conhecimento, num sistema de exames que mede a eficácia da preparação ao mesmo, nada provando quanto à formação durável do indivíduo, desenvolve uma pedagogia paranóica, estranha ao concreto, ao seu fim.

Maurício Tragtenberg



CHRIS HARWOOD - NICE TO MEET, MISS CHRISTINE - 1970
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Desçamos agora ao Caos, uma região selvagem situada entre o Limbo e a Terra Prometida. Aqui habitam operários, mercadores, bufarinheiros, agiotas, jogadores, ladrões, industriais, corretores. Tomados em grupo, são lembrados como o pior fracasso do mundo. Há alguns anos tidos em alta estima, tornaram-se, da noite para o dia, desprezados por todos. Que foi que causou seu fracasso monumental? Foi a malícia, a ignorância ou a estupidez? Ah se pudéssemos responder essa pergunta! Ah se pudéssemos dar tanto à resposta como poderíamos! Mas não podemos. Os costumes e as leis nos opõe. Acreditai ou não, entre nós, americanos, é crime escarnecer da capacidade comercial de um homem. Isso arruina completamente as páginas seguintes. Ninguém que estude cegamente a estupidez pode gastar mais de algumas horas investigando a conduta dos homens de negócio, estejam eles nas nossas corporações bilhonárias ou atrás da caixa registradora de um boteco, sem compreender que, afinal, está na presença de uma estúpida incompetência tão vasta e profunda que somente um grande poeta poderia encantar-lhe a verdade. Alguns meses de inquérito o levam à hipótese de que, relativamente às oportunidades, muitos homens de negócio americanos provavelmente sabem menos e realizaram menos do que qualquer classe semelhante, em qualquer parte.

Walter B. Pitkin


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