USOS MILENARES DA CANNABIS






Os registros mais antigos dão conta de larga utilização medicamentosa de maconha na China desde 5200-6200 anos a.c. A planta aparece numa compilação do século I ou II d.c., que relata os ensinamentos atribuídos ao imperador Shen-Nung (2700 a.c.), indicada para a debilidade, a apatia e o reumatismo. No Nei-Ching, tratado médico atribuído ao imperador Kwang-Ti (2698 - 2599 a.c.) é sugerido o uso das flores ma-p’o para cicatrização de feridas; as sementes e as resinas para o sistema nervoso, para as infecções e como tônico rejuvenescedor para os mais velhos. Outros tratados posteriores, como o Rh-Va, de 1500 a.c., reproduzem os usos acima mencionados.

Na Índia são abundantes as referências explícitas ao valor espiritual e mágico-religioso da maconha, especialmente na literatura sagrada dos Vedas. No Artava-Veda (compilado por volta de 1600-1400 a.c.) a palavra bhang é sinônimo de “iniciação”, do “caminho que conduz até Shiva”, divindade da iluminação espiritual hindu. O texto implora à planta sagrada que “nos livre da calamidade” e nos “proteja contra doenças e todos os demônios”. Por volta de 1300 a.c. o consumo da erva, tanto sagrado quanto profano, já era uma realidade comum na Índia. Igualmente no Zen-Avesta, narrativa sânscrita de 600 a.c., a planta aparece destacada por suas virtudes místicas.

As referências à religião da Cannabis na Índia são constantes nas escrituras sagradas e, mesmo nos dias atuais, a tradição se mantém em algumas variações do budismo e do hinduísmo. Há na Índia shivaísta a crença de que um guardião vive na folha do bhang, e que Shiva ensinara que se deveria, ao plantá-la, pronunciar, várias vezes, a palavra bhang, e, igualmente, no seu preparo, recomendava-se proferir a palavra sagrada. Em narrativa mitológica, Shiva, após brigar com sua família, se afasta indo até os campos ficar só. Oprimido por um sol inclemente, encontra abrigo sob uma planta alta de cânhamo e então esmigalha e come algumas de suas folhas. A merenda o revigora tanto que ele adota a planta como seu alimento preferido, tornando-se conhecido como “O Senhor do Bhang”.

No budismo mahaiana acredita-se que o Buda vivera à base de uma semente de cânhamo por dia, durante os seis anos que antecederam a sua iluminação. No Himalaia Central o budismo tântrico admite o consumo ritual da Cannabis para elevação da consciência. A religião Tântrica desenvolvida no Tibet desde o século VII utiliza a planta para unir corpo, mente e espírito, além de considerar seu valor para a atividade sexual prolongada.

Bruno César Cavalcanti



AUGUSTUS PABLO - EAST OF THE RIVER NILE - 1977
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Não há na maioria daquela gente uma profundeza de sentimento que a impila a ir ao âmago das coisas que fingem amar, de decifrá-las pelo amor sincero em que as têm, de querê-las totalmente, de absorvê-las. Só querem a aparência das coisas. Quando (em geral) vão estudar medicina, não é a medicina que eles pretendem exercer, não é curar, não é ser um grande médico, é ser doutor; quando se fazem oficiais do exército ou da marinha, não é exercer as obrigações atinentes a tais profissões, tanto assim que fogem de executar o que é próprio a elas. Vão ser uma ou outra coisa, pelo brilho do uniforme. Assim também são os literatos que simulam sê-lo para ter a glória que as letras dão, sem querer arcar com as dores, com o esforço excepcional, que elas exigem em troca. A glória das letras só as tem, quem a elas se dá inteiramente; nelas, como no amor, só é amado quem se esquece de si inteiramente e se entrega com fé cega.


Lima Barreto
do livro Os Bruzundangas



DOWNLOAD: TAMBA 4 - WE AND THE SEA - 1968 -
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CONFISSÃO DE UM TERRORISTA

Ocuparam minha pátria
Expulsaram meu povo
Anularam minha identidade
E me chamaram de terrorista

Confiscaram minha propriedade
Arrancaram meu pomar
Demoliram minha casa
E me chamaram de terrorista

Legislaram leis fascistas
Praticaram odiado apartheid
Destruíram, dividiram, humilharam
E me chamaram de terrorista

Assassinaram minhas alegrias,
Seqüestraram minhas esperanças,
Algemaram meus sonhos,
Quando recusei todas as barbáries

Eles... mataram um terrorista!

Mahmoud Darwish



LA HAINE OST - 1995
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Arte dos nativos Huichol, do México, que fazem uso ritualístico do peyote




Representação de uma plantação de cannabis indica no Paquistão



Em ilustração mexicana do século XVI divindade se manifesta através do cogumelo Teononocatl



O desejo de alterar periodicamente a consciência é um impulso inato, normal, análogo à fome ou ao impulso sexual

Andrew Weil


FLASHBACKS # 1 - HIGH & LOW DRUG SONGS - 1917~1944
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5.
o neoliberal
sonha um mundo higiênico:
um ecúmeno de ecônomos
de economistas e atuários
de jogadores na bolsa
de gerentes
de supermercado
de capitães de indústria
e latifundários de
banqueiros
- banquiplenos ou
banquirrotos
(que importa?
dede que circule
autoregulante
o necessário
plusvalioso
numerário)
um mundo executivo
de mega-empresários
duros e puros
mós sem dó
mais atento ao lucro
que ao salário
solitários (no câncer)
antes que solidários:
um mundo onde deus
não jogue dados
e onde tudo dure para sempre
e sempremente nada mude
um confortável
estável
confiável
mundo contábil.


6.

(a
contramundo
o mundo-não
-mundo cão-
dos deserdados:
o anti-higiênico
gueto dos
sem-saída
dos excluídos pelo
deus-sistema
cana esmagada
pela moenda
pela roda dentada
dos enjeitados:
um mundo-pêsames
de pequenos
cidadãos-menos
de gente-gado
de civis
sub-servis
de povo-ônus
que não tem lugar marcado
no campo do possível
da economia de mercado



7.
o neoliberal
sonha um admirável
mundo fixo
de argentários e multinacionais
terratenentes terrapotentes coronéis políticos
milenaristas (cooptados) do perpétuo
status quo:
um mundo privé
palácio de cristal
à prova de balas:
bunker blau
durando para sempre - festa estática
(ainda que sustente sobre fictas
palafitas
e estas sobre uma lata
de lixo)

Haroldo de Campos



VICTOR SILA AND THE AFROFUNK EXPERIENCE
- FUNKIEST MAN IN AFRICA - 2006

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A SUGESTIBILIDADE HUMANA



Os ideais da democracia e da liberdade chocam com o fato brutal da sugestibilidade humana. Um quinto de todos os eleitores pode ser hipnotizado quase num abrir e fechar de olhos, um sétimo pode ser aliviado das suas dores mediante injeções de água, um quarto responderá de modo pronto e entusiástico à hipnopédia. A todas estas minorias demasiado dispostas a cooperar, devemos adicionar as maiorias de reações menos rápidas, cuja sugestibilidade mais moderada pode ser explorada por não importa que manipulador ciente do seu ofício, pronto a consagrar a isso o tempo e os esforços necessários.

É a liberdade individual compatível com um alto grau de sugestibilidade individual? Podem as instituições democráticas sobreviver à subversão exercida do interior por especialistas hábeis na ciência e na arte de explorar a sugestibilidade dos indivíduos e da multidão? Até que ponto pode ser neutralizada pela educação, para bem do próprio indivíduo ou para bem de uma sociedade democrática, a tendência inata a ser demasiado sugestionável? Até que ponto pode ser controlada pela lei a exploração da sugestibilidade extrema, por parte de homens de negócios e de eclesiásticos, por políticos no e fora do poder?

Aldous Huxley

NATURAL BORN KILLERS OST - 1994
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VIOLÊNCIA



este é um país não somente mentiroso, mas de má-fé: falam o tempo inteiro em violência (a “principal preocupação dos brasileiros”), como se essa violência propalada fosse a causa de alguma coisa. a violência é o feixe final, não da “atuação de traficantes”, mas da exploração em todas as instâncias, da brutal extração da mais-valia, da coisificação em todas as relações, da mercantilização de tudo: e da necessidade de tudo isso para o “sistema funcionar”: sem todas as “causas suficientes” não há capitalismo; sem todas as violências não há o que todos querem, o que todos se venderam e se vendem com os dentes expostos, para querer e possuir. a violência é um dos sintomas principais de que tudo segue a normalidade produtiva, a normalidade de consumo, a normalidade institucional e as normalidades imaginárias que fazem do brasileiro, o brasileiro. e se não fosse assim porque os milhões de famintos, violentados, desempregados, os sem-nada, não descem dos morros, são saem das periferias, não tomam para si o que saem do seu suor: porque são cúmplices: fazem parte como gado da violência necessária para que o sistema funcione, aquele mesmo que ele defende, procria e difunde.


Alberto Lins Caldas


BURRO MORTO - VARADOURO EP - 2008
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ROY AYERS - STONED SOUL PICNIC - 1968
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Para justificar-se, o terrorismo de estado fabrica terroristas: semeia ódio e colhe pretextos. Tudo indica que esta carnificina de Gaza, que segundo seus autores quer acabar com os terroristas, acabará por multiplicá-los.

Eduardo Galeano





DOWNLOAD: BUARI - 1975 - 256 Kbps
UNAVAILABLE








A partir de hoje penduro ao pescoço

O relógio que marca as horas;
A partir daí cessa o curso dos astros,
O Sol, o canto dos galos e o evoluir das sombras,
E tudo aquilo que a hora nunca anunciou
Está agora mudo, surdo e cego:
Toda a natureza se cala para mim
Diante do tiquetaque do relógio e da lei.

Friedrich Nietzsche






ERIC TRUFFAZ & MURCOF - MEXICO - 2008
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SHAOLIN SOUL

MÚSICAS SAMPLEADAS PELO WU-TANG CLAN


EPISODE 1






EPISODE 4


Deixemos uma coisa perfeitamente clara. Se a degradação e a mutilação por atacado da Faixa de Gaza for continuar; se a vontade de Israel é uma com a dos Estados Unidos; se a União Européia, a Rússia, as Nações Unidas e todas as organizações e agências legais internacionais espalhadas pelo globo vão continuar sentadas como manequins ocos sem fazer nada a não ser os repetidos “chamados” por um “cessar-fogo” de “ambos os lados”; se os covardes, obsequiosos e supinos Estados Árabes vão continuar de braços cruzados vendo seus irmãos serem trucidados de hora em hora enquanto a Super-Potência valentona do mundo olha-os ameaçadoramente de Washington, no caso de que digam qualquer coisinha que a desgoste; então vamos pelo menos dizer a verdade sobre por que está tendo lugar este inferno na terra.

O terror de estado disparado neste momento dos céus e do chão contra a Faixa de Gaza não tem nada a ver com o Hamas. Não tem nada a ver com o “Terror”. Não tem nada a ver com a “segurança” a longo prazo do Estado Judeu ou com o Hezbolá, a Síria ou o Irã, exceto na medida em que agrava as condições que levaram até a crise de hoje. Não tem nada a ver com alguma conjurada “guerra” – um eufemismo cínico e gasto que não representa mais que a escravização por atacado de qualquer nação que ouse reclamar seus direitos soberanos; que ouse afirmar que seus recursos são seus; que não queira uma das obscenas bases militares do Império assentada em suas queridas terras.

Esta crise não tem nada a ver com liberdade, democracia, justiça ou paz. Não é sobre Mahmoud Zahhar ou Khalid Mash'al ou Ismail Haniyeh. Não é sobre Hassan Nasrallah ou Mahmoud Ahmadinejad. Eles são todos peças circunstanciais que ganharam um papel na tempestade atual só agora, depois de que se permitiu por 61 anos que a situação se desenvolvesse até a catástrofe que é hoje. O fator islamista coloriu e continuará a colorir a atmosfera da crise; ele alistou líderes atuais e mobilizou amplos setores da população do mundo. Os símbolos fundamentais hoje são islâmicos – as mesquitas, o Alcorão, as referências ao profeta Maomé ou à Jihad. Mas esses símbolos poderiam desaparecer e o impasse continuaria.

Houve uma época em que o Fatah e a FPLP eram a bola da vez, quando poucos palestinos queriam ter qualquer coisa a ver com políticas ou medidas islamistas. Esta política não tem nada a ver com foguetes primitivos sendo lançados do outro lado da fronteira ou com túneis de contrabando ou com o mercado negro de armas, assim como o Fatah de Arafat tinha pouco a ver com as pedras e os atentados suicidas a bomba. As associações são contingentes; criações de um dado ambiente político. Elas são o resultado de algo completamente diferente do que os políticos mentirosos e seus analistas estão lhe dizendo. Elas se tornaram parte da paisagem dos acontecimentos humanos no Oriente Médio de hoje; mas incidências tão letais, ou tão recalcitrantes, mortais, enraivecidas ou incorrigíveis poderiam muito bem ter estado em seus lugares.

Descasque os clichês e o blá-blá-blá estridente e vazio da mídia servil e de seu patético corpo de servidores estatais voluntários no mundo ocidental e o que você encontrará é o desejo nu de hegemonia, de poder sobre os fracos e de domínio sobre a riqueza do mundo. Pior ainda, você encontrará o egocentrismo, o ódio e a indiferença, o racismo e a intimidação, o egoísmo e o hedonismo que tentamos tanto mascarar com nosso jargão sofisticado, nossas teorias e modelos acadêmicos refinados, que na verdade ajudam a guiar nossos desejos mais feios e baixos. A insensibilidade com que nos rendemos a eles já é endêmica à nossa cultura; nela floresce como moscas sobre um cadáver.

Descasque os atuais símbolos e linguagem das vítimas dos nossos caprichos egoístas e devastadores e você encontrará os gritos desafetados, simples e cheios de paixão dos pisoteados; dos “condenados da terra” implorando para que você cesse sua agressão fria contra suas crianças e seus lares; suas famílias e seus vilarejos; implorando que os deixe em paz para que tenham seu peixe e seu pão, suas laranjas, suas olivas e seu tomilho; pedindo primeiro educadamente e depois com crescente descrença no porquê de você não poder deixá-los viver sem serem incomodados nas terras de seus ancestrais, sem serem explorados, livres do medo de serem expulsos, violados ou devastados; livres dos carimbos e dos bloqueios de estrada e dos postos policiais de controle e cruzamentos; dos monstruosos muros de concreto, torres de guarda, bunkers de concreto e arame farpado; dos tanques, das prisões, da tortura e da morte. Por que é impossível a vida sem essas políticas e instrumentos do inferno?



A resposta é: porque Israel não tem qualquer intenção de permitir um estado palestino viável e soberano ao lado de suas fronteiras. Não tinha qualquer intenção de permiti-lo em 1948, quando arrancou 24% mais terra do que havia sido legal, ainda que injustamente, alocado pela Resolução 181 das Nações Unidas. Não tinha qualquer intenção de permiti-lo ao longo dos massacres e complôs dos anos 1950. Não tinha qualquer intenção de permitir dois estados quando conquistou os 22% que restavam da Palestina histórica em 1967 e reinterpretou a Resolução 248 do Conselho de Segurança da ONU a seu bel prazer, apesar do esmagador consenso internacional que estabelecia que Israel receberia completo reconhecimento internacional dentro de fronteiras reconhecidas e seguras se recuasse das terras que havia recentemente ocupado.

Não tinha qualquer intenção de reconhecer direitos nacionais palestinos nas Nações Unidas em 1974, quando – sozinho com os Estados Unidos – votou contra uma solução biestatal. Não tinha qualquer intenção de permitir um acordo de paz completo quando o Egito estava pronto para realizar, mas só recebeu, e obedientemente aceitou, uma paz separada que excluía os direitos dos palestinos e dos outros povos da região. Não tinha nenhuma intenção de trabalhar na direção de uma solução biestatal justa em 1978 ou em 1982, quando invadiu, bombardeou, esmigalhou e demoliu Beirute para que pudesse anexar a Cisjordânia sem ser incomodado. Não tinha qualquer intenção de admitir um estado palestino em 1987, quando a primeira Intifada se espalhou pela Palestina Ocupada, na Diáspora e nos espíritos dos despossuídos do mundo, ou quando Israel deliberadamente auxiliou o nascente movimento Hamas, como forma de implodir a força das facções mais seculares-nacionalistas.

Israel não tinha qualquer intenção de admitir um estado palestino em Madrid ou em Oslo, quando a OLP foi superada pela trêmula e titubeante Autoridade Palestina, muitos de cujos chapas perceberam a riqueza e o prestígio que ela lhes dava, às custas dos seus. Enquanto Israel alardeava nos microfones e satélites do mundo o seu desejo de paz e de uma solução biestatal, ele mais que duplicava os assentamentos colonizadores judeus, ilegais, nas terras da Cisjordânia e em volta de Jerusalém Oriental, anexando-as na medida em que construía e continua a construir uma superestrutura de estradas e autopistas sobre as cidades e vilarejos sobreviventes, picotados da Palestina. Anexou o Vale do Jordão, a fronteira internacional da Jordânia, expulsando quaisquer dos “nativos” que habitassem a terra. Fala com uma língua de víbora sobre os múltiplos amputados da Palestina, cujas cabeças serão logo arrancadas do corpo em nome da justiça, da paz e da segurança.

Através das demolições de casas, dos ataques à sociedade civil que tentavam lançar a cultura e a história palestinas num abismo de esquecimento; através da indizível destruição dos cercos aos campos de refugiados e dos bombardeios à infraestrutura na Segunda Intifada, através dos assassinatos e das execuções sumárias, pela grandiosa farsa do desengajamento até a nulificação das eleições livres, democráticas e justas da Palestina, Israel já nos fez saber qual é a sua visão, uma e outra vez, na linguagem mais forte possível, a línguagem do poder militar, das ameaças, das intimidações, do acosso, da difamação e da degradação.

Israel, com o apoio aprovador e incondicional dos Estados Unidos, já deixou dramaticamente claro ao mundo todo, várias vezes, repetindo em ação atrás de ação que não aceitará um estado palestino viável ao lado de suas fronteiras. O que mais é preciso para que escutemos? O que será necessário para terminar com o silêncio criminoso da “comunidade internacional”? O que será preciso para ver mais além das mentiras e da doutrinação acerca do que tem lugar diante de nós, dia após dia, claramente, no raio de visão dos olhos do mundo? Quanto mais horrorosas as ações no terreno, mais insistentes são as palavras de paz. Ouvir e assistir sem escutar nem ver permite que a indiferença, a ignorância e a cumplicidade continuem e aprofundem, a cada túmulo, a nossa vergonha coletiva.

A destruição de Gaza não tem nada a ver com o Hamas. Israel não aceitará qualquer autoridade nos territórios palestinos que ele, em última instância, não controle. Qualquer indivíduo, líder, facção ou movimento que não aceda às exigências de Israel ou que busque genuína soberania e igualdade de todas as nações da região; qualquer governo ou movimento popular que exija a aplicabilidade da lei humanitária internacional e a declaração universal dos direitos humanos para seu próprio povo será inaceitável para o Estado Judeu. Aqueles que sonham com um estado devem ser forçados a perguntarem-se: o que Israel fará com uma população de 4 milhões de palestinos dentro de suas fronteiras, quando comete crimes diários, se não a cada hora, contra a humanidade coletiva deles enquanto eles vivem ao lado de suas fronteiras? O que fará mudar de repente a razão de ser, o autoproclamado objetivo e razão de existência de Israel se os territórios palestinos forem anexados a ele totalmente?

O sangue de vida do Movimento Nacional Palestino jorra hoje pelas ruas de Gaza. Cada gota que cai rega a terra da vingança, do ressentimento e do ódio não só na Palestina, mas em todo o Oriente Médio e em boa parte do mundo. Nós temos uma escolha sobre se isso deverá continuar ou não. Agora é a hora de escolher.

Jennifer Loewenstein
Texto original



MUSLIMGAUZE - HAMAS CINEMA GAZA STRIP - 1998
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Há medo generalizado no país, o que certamente será resultante de tanto progresso, fartura, liberdade, ordem, igualdade, segundo a ótica dos press releases oficiais. Lá fora, na França ou Inglaterra, dizem que quando se vê um policial, imediatamente se tem a sensação de segurança e se fica mais à vontade. Aqui, (ontem passando diante da PM da tua Toneleros), procurei a outra calçada da rua, evitando olhar os fardados e andei depressa. Há dez anos vemos isto crescendo: policiamento, policiamento ostensivo, policiamento muito ostensivo. Hoje, temos repressão ostensiva. Seqüestros indiscriminados, interrogatórios com tortura, meios bestiais e desrespeito completo pela pessoa humana. Há tanto policial, principalmente em são Paulo, que já não os notamos mais. Estamos calejados. Estamos empedernidos com a bestialidade. Convivemos com coisas terríveis e não estaremos ficando frios, nós, um povo semtimentalóide, outrora vivendo num país cordial, onde haveria segundo um poeta, escola risonha e franca?

João Antonio, 1976


MATATA - INDEPENDENCE - 1974

POESIA PALESTINA DE RESISTÊNCIA


Talvez perca — se desejares — minha subsistência
Talvez venda minhas roupas e meu colchão
Talvez trabalhe na pedreira... como carregador... ou varredor
Talvez procure grãos no esterco
Talvez fique nu e faminto
Mas não me venderei
Ó inimigo do sol
E até a última pulsação de minhas veias
Resistirei
Talvez me despojes da última polegada da minha terra
Talvez aprisiones minha juventude
Talvez me roubes a herança de meus antepassados
Móveis... utensílios e jarras
Talvez queimes meus poemas e meus livros
Talvez atires meu corpo aos cães
Talvez levantes espantos de terror sobre nossa aldeia
Mas não me venderei
Ó inimigo do sol
E até a última pulsação de minhas veias
Resistirei
Talvez apagues todas as luzes de minha noite
Talvez me prives da ternura de minha mãe
Talvez falsifiques minha história
Talvez ponhas máscaras para enganar meus amigos
Talvez levantes muralhas e muralhas ao meu redor
Talvez me crucifiques um dia diante de espetáculos indignos
Mas não me venderei
Ó inimigo do sol
E até a última pulsação de minhas veias
Resistirei
Ó inimigo do sol
O porto transborda de beleza... e de signos
Botes e alegrias
Clamores e manifestações
Os cantos patrióticos arrebentam as gargantas
E no horizonte... há velas
Que desafiam o vento... a tempestade e franqueiam os obstáculos
É o regresso de Ulisses
Do mar das privações
O regresso do sol... de meu povo exilado
E para seus olhos
Ó inimigo do sol
Juro que não me venderei
E até a última pulsação de minhas veias
Resistirei
Resistirei
Resistirei


Samih Al-Qassin, in Poesia Palestina de Combate



GAUDI + NUSRAT FATEH ALI KHAN - DUB QAWALLI - 2007
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O arquiteto vê-se diante da necessidade de mudança de profissão: nunca mais será construtor de formas isoladas, mas construtor de ambiências completas. O que torna a arquitetura hoje tão enfadonha é a sua preocupação sobretudo formal. O problema da arquitetura não é mais a oposição função/expressão, questão já superada. Ao utilizar formas existentes, ao criar novas formas, a preocupação do arquiteto deverá ser o efeito que tudo isso terá sobre o comportamento e a existência dos moradores.

Constant (1959)

SEPULTURA - THE ROOTS OF SEPULTURA - DUPLO - 1996

LIVROS





É bom quando nossa consciência sofre grandes ferimentos, pois isso a torna mais sensível a cada estímulo. Penso que devemos ler apenas livros que nos ferem, que nos afligem. Se o livro que estamos lendo não nos desperta como um soco no crânio, por que perder tempo lendo-o? Para que ele nos torne felizes, como você diz? Nós seríamos felizes do mesmo modo se esses livros não existissem. Livros que nos fazem felizes poderíamos escrever nós mesmos num piscar de olhos. Precisamos de livros que nos atinjam como a mais dolorosa desventura, que nos assolem profundamente – como a morte de alguém que amávamos mais do que a nós mesmos –, que nos façam sentir que fomos banidos para o ermo, para longe de qualquer presença humana – como um suicídio. Um livro deve ser um machado para o mar congelado que há dentro de nós.


Franz Kafka




DJ CRAZE PRESENTS BASS SESSION - 2007
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HAITI



HARVEY MASON - MARCHING IN THE STREET - 1975

SUICÍDIO: ESTATÍSTICAS



A cada 40 segundos alguém se suicida em algum lugar do mundo

São mais de 800 mil pessoas que se matam por ano

Diariamente matam-se mais de 2000 pessoas



No Brasil, há em média um suicídio por hora

Mais de 8 mil brasileiros se matam anualmente



Nos EUA são mais de 100 suicídios por dia



São dados baseados em registros oficiais, estima-se que os números reais são ainda maiores.





7 NOTAS 7 COLORES - LA MAMI INTERNACIONAL - 2001


O Estado nunca enfrenta intencionalmente a consciência intelectual ou moral de um homem, mas apenas seu corpo, seus sentidos. Não está equipado com inteligência ou honestidade superiores, mas com força física superior. Não nasci para ser forçado a nada. Respirarei a meu próprio modo. Vejamos quem é o mais forte. Que força tem uma multidão? Só pode forçar-me aquele que obedece a uma lei mais alta que a minha. Forçam-me a tornar-me como eles. Não sei de homens que tenham sido forçados a viver desta ou daquela maneira por uma massa de homens. Que espécie de vida seria essa? Quando me deparo com um governo que diz “Teu dinheiro ou tua vida”, porque deveria apressar-me em dar-lhe meu dinheiro? Ele pode estar em grande dificuldade e não saber o que fazer, mas não posso ajudá-lo nisso. Ele deve ajudar a si mesmo, fazer como eu faço. Não vale a pena lamuriar-se. Não sou responsável pelo bom funcionamento da maquinaria da sociedade.

Henry David Thoreau



CHICO BUARQUE - CONSTRUÇÃO - 1971
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ONEOMANIA



A sociedade capitalista se apresenta como sociedade do espetáculo, tal qual definiu Debord. Importa mais do que tudo a imagem, a aparência, a exibição. A ostentação do consumo vale mais que o próprio consumo. O reino do capital fictício atinge o máximo de amplitude ao exigir que a vida se torne ficção de vida. A alienação do ser toma o lugar do próprio ser. A aparência se impõe à existência.

Jacob Gorender



Na sociedade de consumo, diminui o espaço de tempo entre a vontade e a sua realização. Mais do que isso, diminui o prazo entre o nascimento da vontade e a sua morte. Compramos não para consumir, mas para nos livrarmos da vontade de comprar.

Zygmunt Bauman



PIERO PICCIONI - PUPPET ON A CHAIN OST - 1970









STAX OF FUNK VOL. 2 - MORE FUNKY TRUTH


Empresas multinacionais são assim chamadas porque operam em muitos países ao mesmo tempo, mas pertencem a poucos países que monopolizam a riqueza, o poder político, militar e cultural, o conhecimento científico e a alta tecnologia. As dez maiores multinacionais somam atualmente uma receita maior do que a de cem países juntos.

Países em desenvolvimento é o nome pelo qual os entendidos designam os países subordinados ao desenvolvimento alheio. Segundo as Nações Unidas, os países em desenvolvimento enviam aos países desenvolvidos, através de desiguais relações comerciais e financeiras, dez vezes mais dinheiro do que aquele que recebem através da ajuda externa.

Ajuda externa é o nome do impostozinho que o vício paga à virtude nas relações internacionais. A ajuda externa é distribuída de tal maneira que, em regra, confirma a injustiça, raramente a contradiz. A África negra, em 1995, acumulava cerca de 75% dos casos de AIDS no mundo, mas recebia só 3% dos fundos distribuídos pelos organismos internacionais para a prevenção da peste.

Eduardo Galeano


DOWNLOAD: JAH SHAKA -
THE COMMANDMENTS OF DUB - CHAPTER ONE - 1982 - 192 Kbps
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