RÁDIO QUILOMBO INSURGENTE MÓVEL




r_quim#1 

Marcelo Ariel e sua equipe entrevistam:
 B.Negão, Lygia Fagundes Telles, Paulo Gaeta e Chiu Yi Chih.


O cantor Bernardo apresenta sua visão lúcida e apocalíptica do mundo, em entrevista concedida logo após show lotado e gratuito realizado no último dia 02/09 em SP. Lygia Fagundes Telles fala a respeito da cumplicidade que há entre leitor e escritor e faz um apelo a todos os leitores. Paulo Gaeta, ator da commedia dell'arte, conta suas agruras pelas ruas de SP evocando Fellini, Arrelia, Maria Callas, Quentin Tarantino, Gustav Mahler, Ana Carolina, Procópio Ferreira, Rogério Sganzerla, Machado de Assis, Dercy Gonçalves, Heath Ledger e Marlene Dietrich, dentre muitos outros. Numa conversa descontraída o poeta, performer e filósofo chinês Chiu Yi Chih explica seu conceito de metacorporeidade e conta suas histórias com Antonin Artaud, Roberto Piva, Friedrich Nietzsche, Gilles Deleuze, Arthur Rimbaud, Stelarc, Aristóteles e Kazuo Ohno, entre outros tantos nomes. Todas as trilhas executadas com vinis do acervo Fiume.

ME ENTERREM COM A MINHA AR 15

 

A rajada volta a soar
como a onda da vida
Fica frio...É só mais um número-fantasma na área...
O urubu no esqueleto do leão
escapando da arena...
Quem atira é o pseudo-morto, meu irmão...
Maluco...Acabou a munição...Foda-se continuo atirando...
Para cima...Beleza...é só isso...a fumaça
que sai do cano e sobe até as nuvens...
Exu me guia no vermelho dessa mira
Laser no meu peito...Tá ligado...na sequência..O coração...explode...
e estou livre da boca
que se abre pro mar...
Quer saber...Morrer não dói...
primeiro o tempo fica bem devagar...Tipo sonhando...
Aí vem um clarão...Você vê o Morro por todos os lados...
E então...

Poema de Marcelo Ariel lido publicamente nas ruas do Egito durante os protestos que derrubaram Mubarak, entre 2011 e 2012.


FIUME PIRATEIA IV - REINO FUNGI - 2001
(
menos273graus, Sr. Retarda & ktorze)
http://depositfiles.com/files/o73w629gq

ESTAMAURA


 Estou de novo aqui, e isto é — Por que não dizer? Dói. Será por isto que venho?

Estou no Hospício, deus. E hospício é este branco sem fim, onde nos arrancam o coração a cada instante, trazem-no de volta, e o recebemos; trémulo, exangue — e sempre outro. Hospício são as flores frias que se colam em nossas cabeças perdidas em escadarias de mármore antigo, subitamente futuro — como o que não se pode ainda compreender. São mãos longas levando-nos para não sei onde — paradas bruscas, corpos sacudidos se elevando incomensurá­veis: Hospício é não se sabe o quê, porque Hospício é deus.

Acho-me na Seção Tiüemont Fontes, Hospital Gustavo Riedel, Centro Psiquiátrico Nacional, Engenho de Dentro, Rio. Vim sozinha. O que me trouxe foi a necessidade de fugir para algum lugar, aparentemente fora do mundo. (Ou de —————— Era tão grave. Proteção? Mas aqui, onde não me parecem querer bem e sofri tanto?) ("Não me querer bem" talvez seja mi­nha maneira única de ser amada.) Havia lá fora grande incompreensão. Sobretudo pareceu-me estar sozinha. Isto faria rir a muitas pessoas: eu trabalhava no Suplemento Literário do Jornal do Brasil, onde me cercavam de grande atenção e muito carinho. Reynaldo Jardim é o diretor e me queria bem deveras. Ó, o zelo de todos. O zelo de Reynaldo. Naturalmente, penso, por eu haver antes estado aqui, saindo para trabalhar lá. A curiosidade em torno de mim: " — Esta é Maura Lopes Cançado, a que escreveu No quadrado de Joanna? — O conto é realmente bom, mas pensar que a personagem dele é louca catatônica pas­sou a aborrecer-me (como as pessoas são estúpidas, ainda se pretendem ser gentis). Minha posição me marginalizava. As coisas simples não se ajustavam a nada em que eu pudesse tocar, sen­tir. Era a impressão.

Quanto tempo trabalhei no jornal? Reynaldo Jardim, Fer­reira Gullar, Assis Brasil, e tantos outros, meus protetores. Quase todos os bons intelectuais da nova geração. E de rir. Protetores no bom sentido, como diriam. Mas que bom sentido, se me fizerem sofrer tanto? Por que, como chegar a eles, sem desespe­ro? — E que ignoram o quanto me custa uma palavra simples, como fui sozinha desde a infância. E de amá-los — demais e inútil — passei a odiá-los: por não me compreenderem. Não saberão jamais o quanto podem fazer sofrer uma criatura tímida e necessitada como eu: porque sinto vergonha. Gullar pareceu can­sado de mim. Ainda vendo-o imoto e inacessível não consegui desprezá-lo. Minha necessidade de afirmação deixava-me agressiva, movia-me pela redação do jornal o dia todo sem sorrir. Minha timidez. Enquanto meu ser se enrijecia, voltava-me para mim mesma à espera de um milagre que me projetasse, os ou­tros me olhando atónitos (é ainda mais do que No quadrado de Joanna, é ainda mais). Nada acontecia a não ser eu, me repetindo dia a dia. Minha ignorância.

Destruí tudo agredindo Reynaldo Jardim. Foi uma briga feia. Briguei sozinha. Ele não ousaria ferir-me, pois tem sua própria maneira de demonstrar amor. Consegui escandalizar Carlos Heitor Cony, que já foi quase padre, é facilmente escandalizável. Além de julgar estar ferindo Reynaldo, ao falar coisas inverossímeis e degradantes a meu respeito. Algo em que pensar: se tem alguma afetividade por mim deve ter sofrido. Como me destruí.

Falei de mim tantas vilezas (já fiz isto com mamãe. Estou muito cansada). Telefonei antes de vir a dona Dalmatie, enfermeira minha amiga. Levou-me a doutor J., pedi-lhe que me aceitasse no hospital:

- Por favor, doutor J., não sei que fazer lá fora. Estou des­truída. Aceite-me no hospital. Briguei no jornal. Ele (surpreendente) pareceu compreender. Dona Dalmatie não estava de acordo:

- Tenho um sítio sossegado. Passe uns dias lá. Quanto ao emprego, daremos um jeito. Você tem péssima memória, hein, Maura? Não me conformo em vê-la de novo aqui.

- Tenho boa memória, sei o que me espera. Mas vim dis­posta a ficar. A senhora não pode entender. Lembra-se de que me disse outro dia que não saí daqui recuperada? Está tudo difícil.

Fomos as duas ao IP (Instituto de Psiquiatria), onde se fa­zem internações. Ela, de lá, foi para casa. Voltei sozinha para este hospital. Doutor J. já não estava mais. Mandaram-me para a Seção Cunha Lopes (não pertence a doutor J.) A guarda que me recebeu (monstro antediluviano), Cajé, me fez imediatamen­te trocar o vestido pelo uniforme do hospital. Enquanto trocava de roupa, recebia dela as intimidações:

- Não banque a sabida nem valentona. Pensa que por ser bonita vale mais do que as outras? Saiba lidar conosco (guardas), que se dará bem. Queixas ao médico não adiantam. Vocês são doentes mesmo. Compreendeu?" Claro que compreendi, Cajé. Estou aprendendo há três anos.
Depois do jantar deram-me um quarto e dormi sozinha até o dia seguinte. Estava exausta. De manhã chovia. Puseram-me no pátio junto com as outras, percebi que nenhuma funcionária se dirigia a mim. Ah, não: dona Aída se dirigiu, dando-me um empurrão, à hora do café: " — Entre na fila. Que está esperando? Quer que te demos café na boca?". Entrei na tal fila, ainda muito cansada para revidar a agressão (das outras vezes em que estive aqui esta fila não existia). Depois do café fui para o pátio. Ou, fui mandada para o pátio. Ainda chovia muito. Parecia-me um sonho: àquelas mu­lheres encolhidas de frio, descalças, fantásticas. Eu nem sequer pensava. Via, como se nada em mim fosse mais que os olhos, recomeçando num pesadelo (voltei, meu deus, voltei). Durante o almoço veio chamar-me uma guarda:

— O Diretor quer falar-lhe". Devia ficar estupefata (por motivos óbvios), mas nem ao menos fiquei surpresa. Se ameaçassem tirar-me os olhos, não encontrariam em mim qualquer reação. E as coisas pareciam caminhar inexoráveis.

Maura Lopes Cançado,
 em O Hospício É Deus

SOBRE O MUNDOMERCADORIA

http://www.flickr.com/photos/alexsenna

Papai-Mercado é inabalável, ele reina único sobre o mundo, sobre todos os vários estados sobre todas as bolsas fechadas-rasgadas, ele recolhe todos os dízimos, todas as moedas, recolhe tributo a tributo. (Sai recolhendo dízimos com um sacola de padres). Eu adoro essa hora que parece a hora da Missa. Papai, de joelho eu, teu filho-Estado, de primeiro de terceiro e imundo e me arrasto de joelhos eu reafirmo: sou teu servo, adoro e cultuo todos os dias a tua religião de juros e de duros de compras e vendas; onde tudo deve ser pago ou negociado. Eu pago e negocio deus meu, religião minha, tudo é pago, tudo é negociado, meu joelho desfolhado de tanta tortura de tanta mercadoria e venda, meu deus. Eu sou um Estado em vários entre muitos, ou um perdido, um achado, primeiros e terceiros, ricos uns, miseráveis muitos, eu sou um Estado de tensões, de armamentos fortes e pesados eu sou uma tontura, e tu pai Divino, pai mercado és um Único. Inferno de Wall Street, meus joelhos estão desfolhados de tanto esse vândalos suburbanos atirarem pedras, mais adoro e oro por meu pai Mercado, os sinos dobram eu adoro meu pai Fantasma, eu me assusto, até caio da cama desse pavor sinistro, desse pai infame. A minha fé: as minhas notas. Cédulas de sonhos. Bênção meu pai, bons valores, tributos muitos, tempo de trevas. O mundo está muito agitado, a juventude anda muito agressiva e eu mordo os meus pulsos, eu estou no centro do mundo, no centro da cama, no coma da grana e do poder, ai as minhas torres de duro marfim de fortalezas de blindados chapa branca, de onde atiro as minas ordens, as minhas notas-esmolas. Pai-Mercado, grande-fantasma. Ele é um fantasma que habita e governa o mundo todo, o planeta todo é o seu domínio, o domínio dele é o mundo, o que há de imundo no mundo, o que de sujo e sórdido existe no mundo, ele só vende e negocia e os microfones de Papai anunciam e alardeiam pelos quatros cantos do mundo: tudo nu mundo é mercadoria, tudo vende no mundo, tudo é grana é grana e grama, miligrama, tudo no mundo é imundo, tudo o que compra e vende é o imundo do mundomercadoria: merda. 

Francisco Carlos 


DJ REBELDIA - MÚSICO-TERAPIA - 2012
http://www.mediafire.com/?xbyded9om0wmkyd

COSMOGRAMA 6

Muitos poemas poderiam ser extraídos da Mínima Moralia
ou do silencioso amanhecer 
'Vá tomar no seu cu' 
diz a memória para o Ser
é só mais um louco gritando no ponto de ônibus 
seu Maelstrom 
Não, este poema não contorna uma nitidez estratégica 
até tocar o dia do seu nascimento 
tão obscuro límpido quanto o dia da sua morte 
'Esquecimento é libertação' 
diz a História 
usando uma máscara de ausência 
segurando a cabeça do leão 
'Me converto em impossível nada' 
enquanto ouvimos Extra data 
do Sonic Youth no celular 
é o som do espírito saindo, arranhando o crânio,
as sinapses etéreas fugindo para as copas das árvores,

'Mas eu deixo um rastro harmônico, seus merdas' 
canta o próprio esquecimento 
de dentro da explosão solar, 
muitos poemas poderiam ser retirados 
de dentro desse silêncio 
que se materializa como luz 
dentro do ruído que somos, 
mas não há tempo...


Marcelo Ariel
 
MOACIR SANTOS - COISAS - 1965



Vim de qualquer parte
de uma Nação que ainda não existe.
Vim e estou aqui!

Não nasci apenas eu
nem tu nem outro...
mas irmão.
Mas tenho amor para dar às mãos-cheias.
Amor do que sou
e nada mais.

E tenho no coração
gritos que não são meus somente
porque venho dum país que ainda não existe.

Ah! Tenho meu amor à rodos para dar
do que sou.
Eu!
Homem qualquer
cidadão de uma nação que ainda não existe.

José Caveirinha 








Nossa pátria é o mundo inteiro,
 nossa lei a liberdade. 

Pietro Gori






TUMI AND THE VOLUME - PICK A DREAM - 2010


A civilização é uma civilização sanguinária 
Vocês são um bando de sádicos
É sempre sangue jorrando 
Chuveiro derramando chuva de sangue 
Vocês são piores do que o animal mais selvagem 
Vocês são o mais selvagem de todos os animais 
E foi a natureza que vos criou selvagem assim, tão ferozes 
De todos os animais o homem da cidade é o mais feroz 
Construíram uma cidade cheia de aparatos morais 
A lei maior, não matarás. 
Foi a sociedade e suas leis implacáveis que te fizeram assim?
Foi a natureza que te fez assim 
ou foi a civilização, essa meretriz escarlate 
que dança espumando Sangue pela boca 
até morrer em Tóquio ou em Babilônia? 
Foi a jaula da cidade ou a mãe natureza violenta 
com suas cabeça de serpentes e venenos? 
Quem te picou de tanto veneno e maldade? 
Quem injetou nos teus genitais venenos de violência? 
Mas cuidado com o lobo, esse inimigo do homem
Ou cuidado com o homem, ele é que é o lobo do lobo homem 
A natureza, essa gralha perversa! 
A cidade legislada, essa gralha perversa!
Quem te fez assim, homem sádico?

Francisco Carlos 
em Jaguar Cibernético


ZÉLIA BARBOSA - SERTÃO & FAVELAS - 1971 




2012 (.m4a)






 Tenha cuidado com seus líderes, pois existem muitos nas suas fileiras que prefeririam ser presidente da General Motors do que incendiar o Posto Shell da esquina. Mas como eles não podem ter um eles pegam o outro. São esses os ratos humanos que por séculos nos têm mantido onde nos encontramos.

Charles Bukowski


OSCAR BROWN, JR. - MOVIN' ON - 1972


 
1. SABOTAGE
2. OSVALDINHO
3. BRANCA
4. FAETI
6. TOM
5. SIMONAL
7. GERMANO
8. SÓCRATES
9. ADONIRAN
10. SILVÉRIO
11. JORGE
12.

OUÇA AQUI ONLINE


- K.NIGRO & JAZZORNOISE & SQUA DA FUM -
- OBRIGADO, CORINTHIANS MIXTAPE - 2012 -


Poucos profissionais conheço aqui na minha ocupação de sabidos embelecados, com tamanha e afiada habilidade, conseqüência e poder de dissimulação. Nela, os mandriões e picaretas dissimulam mal, não enganam sequer a si mesmos e são uns falidos diante da opinião pública. Sequer chegaram a populares. Não conseguindo enganar a si, quem dirá aos outros? Ninguém, acordado, lhes dá crédito. E, houvesse um encontro de contas, ficariam enroladinhos. Futricados. Que baixo, seus… Vão rabiscar suas badalhocas fedorentas e colher apoio das panelinhas. Vão fazer suas mexidas e manobrar, se enfiem nos botequins da moda, que nem a dignidade de botequins têm. Qualquer pé-sujo ou fecha-nunca de beirada de ferrovia é mais verdadeiro. Qualquer cafofo. Façam essa galinhagem rasteira, essas festivalanças estúpidas e bêbadas. Evitem certos tipos, certos ambientes. Evitem a fala do povo, que vocês nem sabem onde mora e como. Não reportem povo, que ele fede. Não contem ruas, vidas, paixões violentas. Não se metam com o restolho que vocês não vêem humanidade ali. Que vocês não percebem vida ali. E vocês não sabem escrever essas coisas. Não podem sentir certas emoções, como o ouvido humano não percebe ultra-sons. Ô caras! Vão xumbregar suas putinhas de coquetel oficial, mijonas, que são quem vocês merecem. A bem dizer, vocês se parecem como duas gotas d’água. Vão lamber sabão ou, não tendo mais o que fazer, vão dar um pouco de bunda! Canalhocratas, cachorrada consentida. Vão, vão… que a parra de vocês é só pros otários, pros salafras, pros coiós das suas parrandas. Eu disse parrandas. Seus paíbas, suas maria-judias. Ninguém embarca na conversa de vocês, seus remandoleiros de araque: este país de cento de vinte e mais alguns milhões de pessoas e vocês, fedidos, quando vendem muito, conseguem bater na marca dos trezentos mil exemplares. Vocês não prestam. Suas caras balofas e modais refletem um ofício porco que esquece povo, gente, cidade, tudo. Trezentos mil exemplares. E, olhem lá. Um fiasco, seus… Seus ventríloquos de luxo, apanhadores de notas a que xingam, importantões, com o nome estrangeiro de releases oficiais, bonecos de engonço. Ou punheteiros, masturbalícios. Uns papagaios enfeitados, enfatiotados, uns cavalos escovados em paletós e gravatas. Vocês não passam de sabujo. Rasgando o verbo, o jogo em que vocês estão metidos é mais perfeito do que suas ladainhas. Tão perfeito que vocês acabam gostando dele. No íntimo, vocês maquinam que chegarão lá: ‘Caráter? Caráter já era. Só o poder vale.’ E, no fundo, a derrocada alheia os diverte, e uma possível escalada, pessoal e indivisível, lhes acende a gana. Jantemos o nosso irmão, antes que ele nos almoce. Não é assim? Mas estão enganadinhos, que esse jogo já tinha ganhador antes de começar. E o chamado quarto poder da imprensa já dançou, meus, há muito e muito acovardado pela ditadura tupi. Aparentemente, assim, vocês avançam alguns pontos. Mas estão todos enredados, complicados, prejudicados. E fornicados. E escapar, um dia, qual o quê! Ou caem nas garras de um ministério qualquer, trabalhando a mentiralhada de um governo que dizem odiar, ou acabam na mão de uma multinacional. Qual a diferença? Não me dirão? Estão amarrados, argoladinhos, puxados pelo nariz. Abrir a gaiola e escapar é o qu’eu quero ver: e, aí, ninguém. Aí, o gás acabou. Vocês perderam o jeito, o tempo, a vergonha. A fibra. E não têm coragem para mudar. Vocês sabem, quando não bêbados ou dopados, que não fazem falta alguma. E que o mundo seria melhor sem vocês.

João Antônio


HOME SCHOOLED: THE ABCs OF KID SOUL

KRAUTROCK




DOC: KRAUTROCK: THE REBIRTH OF GERMANY
- 2009 - BENJAMIN WALLEY -



 E-BOOK: KRAUTROCKSAMPLER - JULIAN COPE - 1995
http://www.mediafire.com/?2oz2x7k457ot2u5








CAN - THE DOCUMENTARY


The Illuminati 
 New World Order 
The Media 
Riddles 
Divide & Conquer 
 Aliens 
 Project Lucifer
The Secret Society 
 Remote Control
Novus Ordo Seclorum
 Slaves
 Trilateralism
Why? 

PRESAGE - OUTER PERIMETER - 1999

A CONCEPÇÃO "BANCÁRIA" DA EDUCAÇÃO


Em lugar de comunicar-se, o educador faz "comunicados" e depósitos que os educandos, meras incidências, recebem pacientemente, memorizam e repetem. Eis aí a concepção "bancária" da educação, em que a única margem de ação que se oferece aos educandos é a de receberem os depósitos, guardá-los e arquivá-los. Margem para serem colecionadores ou fichadores das coisas que arquivam. Educador e educando se arquivam na medida em que, nesta destorcida visão da educação, não há criatividade, não há transformação, não há saber. Só existe saber na invenção, na reinvenção, na busca inquieta, impaciente, permanente, que os homens fazem no mundo, com o mundo e com os outros. 

Paulo Freire 
em Pedagogia do Oprimido



EARLY RAPPERS - HIPPER THAN HOP - THE ANCESTORS OF RAP






MUROS 

Sem piedade e sem pudor, sem dó e sem cuidado
à minha volta espessos muros tão altos quem teceu?

E eis­‑me agora aqui na sorte a que fui dado,
em mais não penso: não me sai da ideia o que aconteceu.

Lá fora há tanto que fazer - tudo ruído!
E, se estes muros construíram, porque não dei por tal?

Não ouvi de pedreiro nem voz nem ruído
E sem saber fiquei fechado, sem vista e sem portal.


Konstantínos Kaváfis 









É um prazer falar de algo que diz respeito a vós, algo sobre a vossa situação, em especial o vosso ambiente ou circunstâncias neste mundo, nesta cidade, o que está aí, se é necessário que seja tão ruim quanto é, se pode ou não ser melhorado. Tenho viajado muito por aí, e em toda parte, lojas, escritórios e campos, os habitantes me parecem estar fazendo penitência de mil maneiras extraordinárias. O que ouvi dizer dos brâmanes sentados entre quatro fogos a encarar o sol, ou suspensos de cabeças para baixo sobre as chamas, ou fitando os céus por cima dos ombros "até que se tornasse impossível retomarem suas posturas normais, enquanto devido à torção do pescoço só líquidos podiam entrar no estômago"; ou morando ao pé de uma árvore algemados para sempre; ou feito lagartas, medindo com seus corpos a extensão de vastos impérios; ou ainda erguendo-se sobre uma perna no alto de pilares - mesmo essas formas de penitência intencional a custo não são mais inacreditáveis e estarrecedoras do que as cenas que presencio diariamente. Os doze trabalhos de Hércules eram ninharias comparados com os que vizinhos meus têm empreendido, porque aqueles eram apenas doze e tiveram um fim, ao passo que eu nunca pude ver esses homens matarem ou capturarem monstro algum, nem sequer acabarem qualquer trabalho.

Vejo rapazes, concidadãos meus, cuja má sorte é terem herdado casas, fazendas, celeiro, gado e instrumentos agrícolas, porque essas coisas são muito mais facilmente adquirdas do que descartadas. Melhor seria se tivessem nascido em pasto aberto e sido amamentados por uma loba a fim de que pudessem enxergar melhor a terra a que foram chamados a cultivar. Quem os fez servos do solo? Por que comeriam de seus sessenta acres quando o homem está condenado a comer apenas a porção de seu barro? Por que começariam a cavar seus túmulos logo que nascem? Têm é que viver a vida, deixando todas essas coisas para trás e serem o melhor que puderem. Quem nada possui não luta contra os encargos desnecessários herdados e já considera bastante a tarefa de cultivar seu quinhão de carne.

Contudo os homens trabalham à sombra de um erro, lançando ao solo como adubo o que têm de melhor. Por uma sina ilusória, vulgarmente chamada necessidade, desgastam-se, como se diz num velho livro, a amontoar tesouros que a traça e a ferrugem estragarão e que surgem ladrões para roubar. É uma vida de imbecis, como perceberão ao fim dela, se não antes.

Henry David Thoreau 




Todos me perguntam: 'Que programa tens?'.
O país morre por falta de homens, não por falta de programas.
Esse é nosso parecer. E por isso não criaremos programas,
mas sim homens, homens novos.
Corneliu Zelea Codreanu




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